O Ibama gastou em 2021 menos da metade de sua verba para fiscalizar crimes ambientais, segundo relatório do Observatório do Clima divulgado nesta terça-feira (01). Dos 219 milhões de reais disponíveis, apenas 88 milhões de reais (41%) foram utilizados pelo órgão.
O documento, que foi baseado em dados públicos do orçamento federal, multas e embargos ao Ibama, leva o nome “A conta chegou: o terceiro ano da destruição ambiental sob Jair Bolsonaro“. Seus colaboradores e escritores afirmam que não faltou verba, mas vontade do governo de fiscalizar os biomas brasileiros.
Grande parte da verba que era predestinada à fiscalização foi utilizada principalmente para a aquisição de equipamentos. O Ibama também gastou cerca de 75% de seu orçamento geral de 1,8 bilhão de reais em folhas de pagamento, pensões e outros gastos obrigatórios.
A ex-diretora do Ibama e agora especialista em Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, afirma que embora o Ibama sempre repasse recursos para o ano seguinte, é incomum que seja um volume tão significativo.
“O Ibama tem uma participação grande historicamente no combate ao desmatamento da Amazônia Legal. Sempre foi uma área prioritária de atuação”, disse a ex-diretora. “Quando o Ibama não está atuando bem, o desmatamento sobe”.
Suely também aponta que se há menos fiscalização, consequentemente há menos multas. O volume de autos de infração por desmatamento em 2021 foi o menor em duas décadas e o número de embargos de propriedade caiu 70% em relação a 2018.
2021 foi o 3° ano de destruição ambiental sob Jair Bolsonaro. Neste relatório que reúne os desastres do último ano, mostramos que o Ibama só gastou 41% do que teve para fiscalização. Dinheiro tinha, o que nunca teve foi vontade – como se já não soubéssemos https://t.co/0Mk78Q0LDq pic.twitter.com/e56Z0tDYPc
— Observatório do Clima, 19 anos (@obsclima) February 1, 2022