Uma pesquisa realizada pelo dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, analisou a segurança da mulher na internet e revelou que uma em cada quatro mulheres já foi vítima de golpes ou ameaças virtuais. A pesquisa entrevistou quase 17 mil brasileiras, usuárias do aplicativo dfndr security, entre 4 e 8 de março de 2021 sobre sua cibersegurança.
As principais queixas giram em torno de serem adicionadas por pessoas que não conhecem, além de receberem mensagens, fotos de partes íntimas não solicitadas e ameaças virtuais. De acordo com o levantamento, o maior medo de 75% das entrevistadas é o de ter suas informações pessoais vazadas na Internet.
Os vazamentos de dados têm sido um problema constante no país. Somente em 2021, a PSafe identificou dois vazamentos de dados de mega proporções. No entanto, especialistas no assunto revelam que este golpe com foco em mulheres geralmente oferece riscos que vão além das ameaças de fraudes financeiras e crimes de falsidade ideológica.
“Fotos e vídeos pessoais de mulheres são comumente usados na tentativa de manchar a reputação da vítima e envergonhá-la publicamente. O vazamento de dados de mulheres, geralmente, envolve ameaças, ódio e tem traços de vingança”, explica Emilio Simoni, diretor do dfndr lab.
O levantamento também mostra que uma a cada três mulheres entrevistadas relatam já terem sido abordadas por perfis falsos nas redes sociais, e que uma em cada seis confirma que já teve seu WhatsApp clonado. Dentre os golpes mais citados aparecem assédio sexual, assédio moral, golpes em aplicativos de relacionamento, golpe do namoro virtual e vazamento de fotos íntimas.
“Neste cenário, é muito importante ressaltar que os crimes em ambiente virtual sempre deixam rastros, há registros de IP, de mensagens enviadas e é possível, em alguns casos, identificar os criminosos com uma investigação”, afirma Simoni.
“Por isso, é essencial que as vítimas sempre denunciem qualquer tipo de abuso no meio digital, assim como se o caso ocorrer ao vivo. Com esse tipo de estatística, ficará mais evidente a necessidade de ferramentas de denúncia em todo e qualquer tipo de meio digital em que haja interação humana”, alerta.
A pesquisa recebeu também depoimentos anônimos das vítimas. Entre os relatos mais recorrentes estão o medo de publicar informações pessoais na Internet, ser perseguida virtualmente e receber imagens íntimas sem solicitação. “Um estranho adicionou meu número e começou a me mandar fotos inadequadas”, conta uma das entrevistadas. Outra sofreu ameaças ao negar um pedido. “Uma vez um garoto desconhecido pediu fotos minhas e como eu neguei, ele ameaçou me agredir”, diz.
As vítimas acreditam que as mídias sociais poderiam aprimorar os mecanismos para denúncias de usuárias. Segundo elas, apesar de a maioria das redes sociais contarem com instrumentos colaborativos de denúncia, os retornos são demorados e nem sempre oferecem outras opções além de bloquear o abusador.
“Algumas redes dão a opção de você aceitar ou não uma solicitação de recebimento de mensagem de um desconhecido, mas não há como evitar que o conteúdo da mensagem seja mostrado. Muitas vezes essas mensagens são invasivas e desrespeitosas, e as usuárias acabam não tendo outra opção a não ser ver o conteúdo na hora de aceitar ou recusar a solicitação”, explica Simoni. Isso também acontece quando o conteúdo é enviado por e-mail.
“As plataformas mais populares de e-mail não possuem espaços para denunciar casos de abuso. Isso é algo que precisa ser revisto o quanto antes para gerar um ambiente online mais seguro para todos”, complementa o executivo.
Apesar da legislação brasileira prever punição para todos os crimes virtuais, a pesquisa também apurou que 76% das entrevistadas nunca procurou ajuda ao sofrer um golpe cibernético e 70% sequer sabe como denunciar. Para enfrentar esses casos, o recomendado é coletar evidências: guardar fotos ou fazer capturas das telas, salvar conversas e registro de e-mails, reunindo o máximo de material que comprove o crime. O próximo passo é fazer um boletim de ocorrência em qualquer delegacia. Com a ocorrência registrada, inicia-se a investigação e o procedimento cível por reparação de danos.