O presidente da Argentina Javier Milei disse que “não há plano B” para suas propostas à frente do governo. “Não há um plano B para se fazer as coisas do jeito certo. Ou você as faz bem ou as faz bem. Se o plano B for começar a fazer as coisas mais ou menos, ou negociar, essa é a história da Argentina”, afirmou.
A declaração foi feita em entrevista ao jornal Wall Street Journal publicada neste domingo (28). Para Milei, portanto, os “valores-chave” de seu programa de governo não são “negociáveis”.
O líder argentino também disse estar surpreendido “a velocidade” com que seu governo estava “alcançando resultados”. Ele afirmou que a transformação que pretende implementar poderá demorar até dois anos, ainda que “nós próprios estejamos surpreendidos” com a rapidez com que os resultados estão sendo alcançados.
Privatizações
Questionado sobre sua intenção de privatizar empresas estatais, Milei afirmou que pretende seguir com a agenda “o mais rápido possível”: “Toda empresa estatal que pode ser vendida, o será o mais rápido possível […] Tudo o que pudermos, vamos privatizar. Não é uma questão de nome [de qual empresa será vendida], é uma questão de restrição técnica em termos de tempo”, disse.
Logo após ser eleito, em novembro de 2023, o presidente argentino divulgou que daria início ao processo de privatização das petroleiras estatais argentinas YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales) e Enarsa (Energía Argentina Sociedad Anónima).
Do mesmo modo, as empresas de comunicação públicas no país, como TV Pública, Télam e Radio Nacional, também foram incluídas neste processo.
Ao falar da dolarização, Milei destacou que “no mês passado compramos 5.000 milhões de dólares e a base monetária é de quase 8.000 milhões de dólares, então se acabássemos de liquidar todos os passivos remunerados do Banco Central, estaríamos em condições de dolarizar por muito pouco dinheiro“.
Milei e as relações externas
O líder libertário ratificou o apoio do seu país a Israel. O argentino, no entanto, condena o grupo terrorista Hamas: “Decidimos condenar os atos terroristas do grupo Hamas, decidimos mostrar solidariedade para com Israel e os seus habitantes, independentemente da sua nacionalidade. Nós consideramos que Israel tem um direito legítimo de defesa dada a agressão terrorista que recebeu”.
Já sobre a China, Milei avaliou que não irá se “aliar aos comunistas“. O presidente argentino disse, ainda, que “rejeitamos fazer parte dos BRICS, mas sempre defendemos que a questão comercial não deveria ser afetada, porque basicamente é uma decisão privada“.
Por fim, Milei ressaltou que “temos de separar a questão geopolítica da nossa questão comercial; podemos ter uma divergência com o Reino Unido em relação às Ilhas Malvinas, no entanto, isso não torna impossível que tenhamos um conjunto de relações comerciais adultas”.
* Sob supervisão de Lilian Coelho