Dirigido por Michael Mann — mesmo diretor de ‘Miami Vice’ (2006) e ‘O Último dos Moicanos’ (1992) —, ‘Ferrari’ acompanha parte da trajetória de Enzo Ferrari, um ex-piloto de corrida italiano que marcou o mundo automobilístico ao fundar uma das empresas de carros mais famosas da História: a Ferrari. O filme já está em cartaz nos cinemas brasileiros.
Além de Adam Driver dando vida ao próprio Enzo Ferrari, o filme também conta com Penélope Cruz , Shailene Woodley e Patrick Dempsey. Vale mencionar também que o projeto é inspirado grandemente na biografia ‘Enzo Ferrari: The Man and the Machine’ (‘Enzo Ferrari: o Homem e a Máquina’, em tradução livre), publicado em 1991 e escrita por Brock Yates. Confira a seguir um pouco mais sobre a verdadeira história de Enzo Ferrari.
Início do sonho
De acordo com a revista Bazaar, Enzo Anselmo Ferrari nasceu no dia 18 de fevereiro de 1898 na comuna de Módena, na Itália. Filho de Adalgisa Ferrari e Alfredo Ferrari, se apaixonou pela direção de carros de corrida ainda menino, após assistir a uma corrida de automóveis com o pai em Bolonha.
Infelizmente, sua vida seria marcada por muitas tragédias, que tiveram início ainda em sua juventude, quando seu irmão, que também chamava Alfredo, e seu pai, morreram em 1916 — quando Enzo tinha cerca de 18 anos — vitimados por uma gripe.
Eventualmente, o próprio Enzo também contraiu uma grave gripe, o que acabou lhe possibilitando a dispensa do exército italiano em 1917, época em que o país lutava a Primeira Guerra Mundial.
Sua carreira como piloto de corrida só se iniciou em 1919. Ele ingressou numa equipe chamada Alfa Romeo no ano seguinte. Foi com ela que Enzo venceu corridas do Grand Prix, conforme descreve a biografia de Brock Yates.
Então, em 1929, Enzo Ferrari fundou sua própria equipe de corrida, a Scuderia Ferrari, de acordo com a Brittanica. A equipe também obteve grande sucesso na época, entretanto, Enzo decidiu se aposentar das corridas pouco depois, em 1931, para seguir apenas a dirigindo — além de ainda trabalhar para a Alfa Romeo.
Nova empresa
Em entrevista ao The Times of London — repercutida pelo The New York Times —, Enzo Ferrari reforçou que sempre teve grande paixão por dirigir. “Correr é uma grande mania à qual se deve sacrificar tudo, sem reticências, sem hesitação”, afirmou. Ainda assim, ele foi além, e iniciou um novo sonho que o eternizaria não como piloto, mas como empresário: fundou sua própria empresa.
Isso aconteceu em 1939, depois que Enzo saiu da Alfa Romeo e fundou a Auto Avio Costruzioni (AAC), que mais tarde seria renomeada como Ferrari SpA. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a empresa não só forneceu veículos ao exército italiano — aliado aos nazistas —, como também os reparava. Depois, a marca se reencontraria nas pistas, após o lançamento da Fórmula 1, em 1950, já depois do fim da guerra.
Vale mencionar ainda que boa parte de ‘Ferrari’ se passa no ano de 1957, em que Enzo vivia um período bastante conturbado em sua vida. Isso porque, mesmo que a marca conquistasse as pistas, com grande destaque, a equipe enfrentou uma série de perdas: Alberto Ascari, um piloto que faleceu em 1955 enquanto dirigia um modelo esportivo da Ferrari, além de outros três pilotos da Fórmula 1 entre 1957 e 1958: Eugenio Castellotti, Luigi Musso e Peter Collins.
Tensão na Ferrari
Um acidente que quase arruinou os planos da Ferrari foi o do piloto Alfonso de Portago, durante uma corrida na Mille Miglia em 1957. Depois que um pneu estourou, o carro voou pelos ares e atingiu um poste telefônico, o que já foi suficiente para que o piloto morresse. Porém, o veículo ainda aterrou no meio de uma multidão de espectadores, o que resultou em uma tragédia que mataria pelo menos nove pessoas.
Após um evento tão terrível, o governo italiano decidiu proibir as corridas em vias públicas, além disso, o próprio Enzo Ferrari foi acusado por homicídio culposo, sendo este um período tenso na história da empresa. Eventualmente, ele foi absolvido da acusação.
A morte de Enzo Ferrari
Por fim, Enzo Ferrari faleceu no dia 14 de agosto de 1988, aos 90 anos, também em Módena, onde nasceu, devido a uma insuficiência renal. Porém, é importante mencionar que em seus últimos anos, vendeu 90% de sua empresa para a Fiat, enquanto os outros 10% restantes foram mantidos por Piero, que manteve a função de vice-presidente.
*Matéria originalmente publicada em Aventuras na História