Por pelo menos dois anos, os residentes da Zona Oeste do Rio de Janeiro têm enfrentado conflitos entre milicianos e traficantes. Durante esse período, 14 comunidades mudaram de controle, passando da milícia para o domínio do tráfico. Moradores relatam abusos por ambos os grupos, sendo obrigados a pagar taxas para ambos ao mesmo tempo. A informação é do g1.
A exploração aumentou com os milicianos tentando manter seu território. Em áreas como Rio das Pedras, última fortaleza da milícia na região, a situação é considerada insustentável devido à “inflação da bandidagem“.
“Se não bastasse a sacanagem que já se faz, né, que a milícia faz com o morador, que é de tomar, tomar, tomar, e numa falsa de segurança que tá sendo provada que não existe e nunca existiu, o tráfico também tá vindo numa vertente muito pior. O Estado, ele assiste. Ele não combate, ele é omisso. É incrível ver a ineficiência da polícia“, disse ao g1 um morador que preferiu não ter a identidade revelada.
Os moradores criticam a ineficácia da polícia e se sentem abandonados pelas autoridades de segurança, enquanto enfrentam mortes diárias, despejos e perda de propriedades. Eles descrevem as medidas de segurança como paliativas e expressam um sentimento de desolação em relação ao futuro.
Clima de rivalidade na Zona Oeste
Desde os anos 1980, a Zona Oeste do Rio tem sido dominada por grupos de milicianos, mas nos últimos dois anos, a situação tem mudado. O Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do estado, tem invadido comunidades da região, conquistando territórios antes controlados por milicianos.
O CV busca estabelecer um “cinturão do tráfico” em áreas estratégicas para facilitar o acesso a regiões de mata, proporcionando rotas de fuga e esconderijos. Essa estratégia também visa evitar operações policiais, já que a mata conecta a Zona Oeste a áreas como a Grande Tijuca e bairros dominados pela mesma facção na Zona Norte.
As lideranças dos grupos criminosos envolvidos no conflito na Zona Oeste do Rio tentaram negociar uma solução para o conflito em curso. Contudo, a rivalidade intensa e o histórico de mortes de ambos os lados impediram que as negociações resultassem em benefícios para os moradores locais.
Em nota, a Polícia Civil afirmou estar conduzindo investigações para identificar e prender os criminosos da região, além de realizar operações para desestruturar e enfraquecer os grupos criminosos, bem como apreender armas.
Já a Polícia Militar destacou que o Batalhão de Jacarepaguá tem realizado operações frequentes na área e implantado roteiros de rondas para dissuadir a prática de crimes na região.
* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.