Uma mulher foi diagnosticada, na Tunísia, com insuficiência renal aguda após utilizar um alisante no cabelo com produto químico que contém ácido glioxílico. De acordo com a revista acadêmica New England Journal of Medicine, ela apresentou sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, febre e dores nas costas.
Os pesquisadores alertaram para os riscos associados ao ácido glioxílico e seus derivados. Estes são muito populares em tratamentos de alisamento de cabelo brasileiros e sem formaldeído. Quando aplicado, a pele absorve o ácido e este chega à corrente sanguínea e viaja para os órgãos internos. Assim, uma vez infiltrado, ele pode formar cristais que, consequentemente, podem impedir o funcionamento dos rins.
A mulher utilizou um produto com 10% de ácido glioxílico. A princípio, exames identificaram que os níveis de um produto residual em seu sangue aumentaram para o dobro dos valores normais. Segundo o relato publicado na revista, o ácido danificou os rins porque dentro dos órgãos ele se quebrou em cristais “alongados”, os quais formaram pedras.
O uso de alisantes no Brasil
No Brasil, a escova progressiva é o procedimento mais comum para alisar o cabelo. Nele, o principal componente é o formol, ou formaldeído, que foi proibido em 2009 pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).
Do mesmo modo que o ácido glioxílico causa complicações na saúde, o uso frequente do formol pode causar aumento no risco de desenvolver câncer de útero, mama, ovários, entre outros.
A FDA (agência que regulamenta alimentos e drogas nos EUA) propôs proibir produtos alisadores de cabelo que contenham ou emitam formol. A data-alvo para a proibição é abril de 2024.
O Environmental Working Group, uma organização de defesa, pediu à agência em 2011 e, novamente em 2021, para proibir produtos capilares com formaldeído. Os advogados da agência começaram a redigir regras para uma proposta de proibição em 2016. Mas o processo foi interrompido alguns meses depois.
* Sob supervisão de Lilian Coelho