Na Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), gestores e especialistas da educação e do setor audiovisual debatem a criação de um plano nacional de cinema para escolas. A iniciativa está alinhada com a Lei Federal 13.006/2014, que, mesmo após uma década de sua aprovação, ainda não foi regulamentada. Essa lei estabelece a obrigatoriedade de exibição de duas horas mensais de filmes brasileiros no currículo da educação básica.
“Se essa lei de fato tiver efeito, que é o que a gente torce, como vai se dar a formação dos professores? Como serão as condições de exibição e produção nas escolas? Quem que vai escolher esses filmes? Onde esse acervo vai ser consultado?”, questiona Raquel Hallak, coordenadora-geral da CineOP.
Para Raquel, essa é uma discussão essencial. “A ideia é contribuir com a construção de uma política pública que vai conectar o cinema com a educação. É um assunto que já vem sendo trabalhado há algumas edições da CineOP. Já chegamos inclusive a editar três livros. Como é que cinema e educação podem se conectar e dar bons frutos?”, explica.
Raquel destaca que a CineOP é uma mostra cinematográfica focada na preservação do patrimônio audiovisual. “Precisamos discutir os acervos nas instituições, onde os filmes serão selecionados, as condições de armazenamento, as possibilidades de pesquisa, e também a metodologia. Como esse filme será explorado? Como o professor poderá utilizá-lo na sala de aula como um atrativo e um instrumento pedagógico por meio da história e das narrativas.”
Segundo a reportagem da Agência Brasil, para aprofundar o debate, a CineOP criou quatro grupos de trabalho: formação docente, condições de exibição e produção, acervos e curadorias, e pedagogias. Esses grupos incluem representantes de diversos órgãos governamentais, como os ministérios da Cultura, da Educação, dos Direitos Humanos e da Cidadania, além da Secretaria de Comunicação (Secom) e especialistas e pesquisadores das áreas de educação, cultura e audiovisual.
Além disso, foi realizada uma consulta pública para coletar contribuições para os grupos de trabalho. A programação do evento inclui dois debates abertos ao público. “A partir de todas essas contribuições, será elaborado um documento que será entregue oficialmente ao Ministério da Cultura, ao MEC e aos demais órgãos envolvidos”, informa Raquel.
Reconhecida no calendário cinematográfico nacional, a CineOP chega à sua 19ª edição destacando o cinema de animação, com 47 dos 153 títulos selecionados para exibição pertencentes a esse gênero. A mostra, que começou na noite desta quinta-feira (20), será encerrada na segunda-feira (24).
Organizada pela Universo Produção, que também promove a tradicional Mostra de Cinema de Tiradentes (MG), a CineOP foi criada em 2006 para atender a uma demanda do setor audiovisual por um festival estruturado em três eixos: patrimônio, educação e história. Cada eixo conta com uma vasta programação, totalmente gratuita, que envolve cineastas, pesquisadores, restauradores, professores, críticos, estudantes e cinéfilos em geral. A programação inclui debates, rodas de conversa, oficinas, apresentações musicais, atrações infantis e outras atividades.
No eixo Educação, acontece também o 15º Fórum da Rede Kino, que reúne pessoas e instituições da América Latina interessadas em ações e políticas públicas que envolvam cinema e educação. Para beneficiar a comunidade local, a CineOP realiza sessões cine-escola, cine-debates e oficinas para atender à demanda de estudantes e educadores da rede pública de ensino de Ouro Preto.
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