No coração da Amazônia, em Rio Maria, Pará, um avanço tecnológico promete revolucionar a pecuária e atender às crescentes preocupações ambientais globais. Este é o cenário do primeiro episódio da série “PF: prato do futuro” do g1, que explora soluções inovadoras para os desafios da produção de alimentos no Brasil. A adoção de chips para rastrear o gado não é apenas uma ferramenta para monitorar o desmatamento ilegal, mas também uma estratégia para sustentar a economia local, respeitando o meio ambiente.
A pressão internacional sobre o Brasil, especialmente quando se trata de exportações de carne da Amazônia, tem sido intensa, dada a ligação entre pecuária e desmatamento. Nesse contexto, a implementação de sistemas de rastreamento como o utilizado na fazenda de Paulinelli representa uma resposta direta às exigências de mercados estrangeiros e organizações ambientais. Estes sistemas garantem que a carne bovina comercializada seja livre de qualquer vínculo com áreas desmatadas ilegalmente.
A tecnologia de rastreamento adotada na fazenda de Paulinelli, desenvolvida pela Niceplanet em colaboração com a certificadora SBcert, é um exemplo eloquente de inovação a serviço da sustentabilidade. Com a aplicação de chips em cada animal, é possível acompanhar toda a trajetória do boi, desde seu nascimento até o abate. Esta iniciativa, ainda em fase piloto, já abrange 150 fazendas e frigoríficos de estados como Pará, Tocantins, Goiás e São Paulo, incluindo grandes empresas do setor.
Quais são os desafios e benefícios do rastreamento?
Um dos grandes obstáculos nesse processo é a verificação de fazendas de criação e recria, ou seja, de fornecedores indiretos. Muitas empresas focam apenas nos fornecedores diretos, que são aqueles que engordam e vendem os bois diretamente para os frigoríficos. Essa lacuna é justamente o que o rastreamento via chips busca superar, fornecendo dados precisos que permitem um controle efetivo mesmo nas etapas iniciais da cadeia produtiva.
Vantagens da implementação dos chips
- Garantia de origem: A tecnologia assegura que cada animal possa ser rastreado de volta à sua fazenda de origem, promovendo uma carne verdadeiramente livre de desmatamento.
- Conformidade com regulamentações internacionais: Com a União Europeia e a China intensificando restrições, o rastreamento individual é crucial para manter os mercados de exportação abertos.
- Redução de fraudes e erros: O chip minimiza riscos de trocas ou perdas de informação que podem ocorrer com sistemas baseados apenas em documentos físicos.
Qual é a importância do chip de identificação individual?
A rastreabilidade total do gado não só aumenta a transparência como facilita a gestão pecuária. Detalhes como a data de nascimento, peso e histórico médico de cada boi podem ser armazenados nos chips, permitindo um gerenciamento mais preciso do rebanho. Além disso, em um cenário de mercado cada vez mais exigente, a capacidade de provar a sustentabilidade de seus processos pode ser decisiva para o sucesso comercial dos produtores.
Embora ainda haja um caminho a ser percorrido até que esse sistema de rastreamento seja adotado em larga escala, as iniciativas atuais são promissoras. Elas representam um compromisso significativo com a produção sustentável e podem servir como modelo para outras regiões e setores. A implementação do chip em Rio Maria é apenas o começo de uma transformação mais ampla, que visa garantir uma produção de carne eficiente e ecologicamente correta.
Conforme o país procura defender sua posição como líder mundial na exportação de carne bovina, tecnologias como a rastreabilidade por chips mostram-se ferramentas indispensáveis. Elas não só ajudam a proteger a Amazônia como também fortalecem a posição do Brasil no mercado global. Mantendo a transparência e a responsabilidade em suas práticas de produção, o Brasil pode garantir não apenas a saúde de seus biomas, mas também a viabilidade a longo prazo de sua economia pecuária.