Um avanço significativo no diagnóstico de glioblastoma, um tipo agressivo de câncer cerebral, pode revolucionar o tratamento da doença. Pesquisadores da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, desenvolveram um dispositivo inovador capaz de detectar esta condição em menos de uma hora. A descoberta foi detalhada em um estudo publicado na revista científica Communications Biology.
O dispositivo utiliza um biochip baseado em tecnologia eletrocinética para identificar biomarcadores, especificamente receptores ativos do fator de crescimento epidérmico (EGFRs), que são frequentemente superexpressos em cânceres como o glioblastoma. Esses biomarcadores são encontrados em vesículas extracelulares, que são nanopartículas secretadas por praticamente todas as células do corpo humano.
Como funciona o diagnóstico de câncer cerebral com o dispositivo?
O biochip usa um sensor eletrocinético compacto, aproximadamente do tamanho de uma esfera de caneta, o que o torna altamente portátil e econômico. Este sensor é capaz de distinguir EGFRs ativos de não ativos presentes nas vesículas extracelulares, o que aumenta significativamente a precisão do diagnóstico.
Este avanço reduz drasticamente o tempo necessário para realizar o diagnóstico, que tradicionalmente pode levar dias ou até semanas.
Quais são as vantagens?
Satyajyoti Senapati, professor associado de pesquisa em engenharia química e biomolecular em Notre Dame, destacou que o sensor eletrocinético oferece capacidades únicas em comparação com outras tecnologias diagnósticas. “Podemos analisar o sangue diretamente, sem a necessidade de pré-tratamento para isolar as vesículas extracelulares”, explicou ele.
Entre as principais vantagens do sensor estão:
- Baixo custo de produção, com cada biochip custando menos de US$ 2 (aproximadamente R$ 11,29).
- Alta sensibilidade e seletividade na detecção de doenças.
- Rapidez no diagnóstico, completando o teste em menos de uma hora.
Como esta tecnologia pode beneficiar outros campos da medicina?
Segundo Hsueh-Chia Chang, professora da Bayer e de Engenharia Química e Biomolecular em Notre Dame, a equipe de pesquisa está explorando aplicações da tecnologia também para diagnosticar câncer pancreático e potencialmente outras condições, como doenças cardiovasculares, demência e epilepsia.
“Nossa técnica não é exclusiva para o glioblastoma, mas o foco inicial foi devido à gravidade e à falta de testes de triagem precoce disponíveis para esta doença”, explicou Chang. “Nossa esperança é que a detecção precoce possa aumentar as chances de sobrevivência dos pacientes.” Esta abordagem inovadora pode oferecer um método rápido e acessível para o diagnóstico de várias doenças graves.
Essa nova tecnologia da Universidade de Notre Dame não apenas promete melhorar o diagnóstico do glioblastoma, mas também abrir caminhos para a detecção precoce de outras doenças críticas, potencialmente salvando inúmeras vidas.