A vigésima sexta edição do Rock in Rio começou nesta sexta-feira (13). Com nomes de peso para celebrar seus 40 anos, o festival se consolidou como um dos principais eventos musicais do país. Artistas como Ed Sheeran, Katy Perry e Shawn Mendes, por exemplo, irão marcar presença nos palcos.
A ideia, que hoje atrai 700 mil pessoas para a cidade maravilhosa, começou com o empresário Roberto Medina. Muitos consideram a primeira edição a melhor de todas, já que artistas internacionais não costumavam vir ao Brasil.
O “Woodstock brasileiro” foi marcado pela presença de 16 atrações estrangeiras. Mas, de acordo com o livro Metendo o Pé na Lama, do publicitário Cid Castro, a equipe de Medina tentou contratar mais de 100 nomes diferentes. Foram mais de 70 respostas negativas.
A reviravolta foi Lee Solters, assessor de imprensa de Frank Sinatra. Ele e Medina haviam se conhecido quando o cantor veio ao Brasil em 1980. Juntos, organizaram um evento para os principais críticos de música da época. Pouco tempo depois, o Rock in Rio ganhou espaço na imprensa internacional. A partir daí, Medina passou a ser procurado por agentes e empresários internacionais.
Os artistas formaram fila para participar do line-up. Ozzy Osburne, Rita Lee, Rod Stewart, por exemplo, foram alguns dos primeiros a assinar o contrato. Porém, os destaques do ano foram Queen, Iron Maiden, Ney Matogrosso, Gilberto Gil e AC/DC, só para citar alguns.
Portas abertas
Além de inovar na ideia a ser executada, o Rock in Rio de 1985 representou a abertura do mercado brasileiro para artistas internacionais – muitos não confiavam nos empresários nacionais até então. Adicionalmente, foi o primeiro grande festival a ser coberto pela imprensa. E, por fim, foi capaz de reunir públicos de diversos tipos.
Hoje em dia, isso é considerado normal (esperado, até). Mas, na época, essa “mistura” não era uma prática comum. Tanto é que o evento contribuiu para potencializar e valorizar a carreira de muitos cantores diferentes, especialmente os nacionais.
Contexto histórico do Rock in Rio
Outro fator que contribuiu para a atmosfera única da primeira edição do Rock in Rio foi o final da ditadura. Bem no meio do festival, em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheu Tancredo Neves para ser o presidente da República. Com 40 votos a favor e 180 contra, ganhou de Paulo Maluf.
O festival não teria acontecido sem a presença de Tancredo. Quatro meses antes da abertura dos portões, o governador do Rio, Leonel Brizola, quis impediu a construção da infraestrutura. A briga chegou ao fim quando Tancredo bateu o pé a favor do criador do evento, e as obras foram liberadas.
Entretanto, Tancredo nunca chegou a assumir a presidência. Ele estava internado na véspera da posse, e quem assumiu no seu lugar foi José Sarney. Tancredo morreu em 21 de abril de 1985.