No início de setembro de 2024, as autoridades espanholas realizaram a maior apreensão de drogas sintéticas já registrada no país, interceptando uma grande quantidade de cocaína rosa e mais de um milhão de pílulas de ecstasy. A operação foi conduzida em Ibiza e Málaga, tendo como alvo redes de distribuição de drogas.
A cocaína rosa, uma substância perigosa e imprevisível, tem sido associada a um número crescente de mortes por overdose. A composição dessa droga geralmente inclui uma mistura de MDMA, cetamina e 2C-B, o que aumenta significativamente os riscos para os seus usuários.
O que é a cocaína rosa?
A cocaína rosa, muitas vezes chamada de “tuci”, “Vênus” ou “Eros”, não contém necessariamente cocaína. Na maioria dos casos, ela é uma mistura de diferentes substâncias, incluindo MDMA (ecstasy), cetamina e 2C-B. O MDMA é conhecido por seus efeitos estimulantes e psicodélicos, enquanto a cetamina é um poderoso anestésico com efeitos sedativos e alucinógenos. Já as 2C-B e outras drogas 2C são classificadas como psicodélicas, com propriedades estimulantes.
Por que a cocaína rosa é tão perigosa?
A composição imprevisível da cocaína rosa faz dela uma verdadeira roleta russa para os usuários. Muitas vezes, os consumidores esperam efeitos semelhantes aos da cocaína, mas a presença de cetamina pode levar à inconsciência ou dificuldades respiratórias, aumentando os riscos de overdose e outros problemas de saúde graves.
A cor vibrante da droga, obtida com corante alimentício, e às vezes com adição de sabores como morango, visa atrair um público mais jovem e inexperiente. Essa “glamourização” da droga no ambiente de festas e baladas contribui para o seu apelo, apesar dos perigos.
Como surgiu?
A forma psicodélica original da cocaína rosa foi sintetizada pela primeira vez pelo bioquímico Alexander Shulgin em 1974. Contudo, a variante moderna que está se espalhando rapidamente surgiu por volta de 2010 na Colômbia, a partir de uma falsificação da fórmula inicial. Desde então, a droga ganhou popularidade na América Latina e se espalhou para a Europa.
Impacto na Europa
A droga se espalhou de Ibiza para o Reino Unido, apresentando-se com força na Escócia, País de Gales e outras partes da Inglaterra. Nos EUA, especialmente em Nova York, também se observou um aumento na disponibilidade dessa substância. Na Espanha, onde a cocaína rosa é vendida por cerca de US$ 100 o grama (cerca de R$ 550), a falta de aparatos adequados dificulta a detecção completa dos componentes dessa droga.
Como reduzir os danos causados?
Diante da crescente popularidade da cocaína rosa, uma das medidas mais urgentes é a implementação de serviços de verificação de drogas. Kits que avaliam as substâncias presentes em drogas são ferramentas valiosas para a redução de danos, permitindo que os usuários conheçam melhor o que estão consumindo e, assim, possam tomar decisões mais informadas.
Além disso, campanhas de conscientização pública e serviços de apoio são essenciais para alertar sobre os perigos da cocaína rosa e oferecer suporte aos usuários. A mistura imprevisível de produtos químicos na cocaína rosa representa um risco sério e crescente, o que torna crucial que autoridades e serviços de saúde se preparem para lidar com essa ameaça.