"RETÓRICA NAZISTA"

Áustria: o que a vitória da direita radical representa no país?

O resultado da eleição geral destaca um crescimento significativo para o Partido Popular Austríaco (ÖVP), mas ainda longe da maioria absoluta necessária para governar

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Herbert Kickl – Crédito: Getty Images

A recente eleição na Áustria trouxe um cenário político alarmante para muitos observadores internacionais. O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), liderado por Herbert Kickl, conquistou 29,2% dos votos, ficando à frente do conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), que obteve 26,5%. Este resultado provisório destaca um crescimento significativo para o partido, mas ainda longe da maioria absoluta necessária para governar.

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Apesar da vitória, o FPÖ enfrenta desafios significativos para formar um governo estável. Durante sua campanha, Kickl elogiou os eleitores austríacos por sua “coragem e confiança”, mas suas referências passadas e veladas ao nazismo geraram protestos e controvérsias.

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— Tiffa (@tranniehathaway.bsky.social) September 28, 2024 at 8:41 PM

O impacto da campanha de Kickl na Áustria

Durante a campanha, Herbert Kickl e o FPÖ foram acusados de fazer referências implícitas ao regime nazista, embora neguem qualquer ligação atual com o nazismo. O partido, fundado por ex-nazistas nos anos 1950, teve suas raízes discutidas após algumas controvérsias durante a campanha.

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Kickl prometeu se tornar Volkskanzler (o chanceler do povo), um termo historicamente associado a Adolf Hitler na Alemanha nazista. Esse tipo de retórica tem causado desconforto e levou a manifestações anti-nazismo em frente ao parlamento austríaco.

Dois dias antes das eleições, candidatos do FPÖ foram filmados cantando uma música da SS em um funeral, o que reacendeu discussões sobre as origens do partido e suas ligações com o nazismo.

O comparecimento às urnas foi considerado alto, com um índice de 74,9%, evidenciando a divisão política no país. Contudo, apesar de sua vitória, o FPÖ pode encontrar dificuldades significativas para formar uma coalizão governamental. Os principais temas abordados foram imigração, asilo político, a guerra na Ucrânia e o fraco desempenho da economia.

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O conservador ÖVP, o maior rival do FPÖ, já declarou que não participará de um governo liderado por Kickl. O chanceler Karl Nehammer afirmou ser impossível formar um governo com alguém que “adora teorias da conspiração”.

Perspectivas do futuro polícito no país

Embora o FPÖ já tenha participado de coalizões no passado, como em 1999, onde enfrentaram sanções e boicotes da União Europeia, a formação atual de um governo parece ser uma tarefa árdua. O analista político Thomas Hofer apontou ao g1 que o presidente Alexander Van der Bellen pode não conceder um mandato direto a Kickl para formar uma coalizão.

Na teoria, os conservadores poderiam formar uma coalizão com social-democratas, Neos e verdes, afastando a possibilidade de uma liderança de extrema-direita. No entanto, a pressão política pode forçar Karl Nehammer a reconsiderar suas posições.

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A vitória do FPÖ insere-se num contexto de ascensão da direita radical em diversos pontos da Europa. Líderes como Marine Le Pen e Geert Wilders celebraram os resultados na Áustria e interpretaram como um sinal de mudança nos interesses nacionais e políticas de imigração.

O FPÖ, conhecido por sua postura crítica à União Europeia e sua neutralidade em questões como a invasão da Ucrânia pela Rússia, pode causar tensões adicionais nas relações internacionais da Áustria. Durante o discurso do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no parlamento austríaco, muitos políticos do FPÖ deixaram a sala em protesto.

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