A agência da ONU para refugiados (ACNUR) afirmou, nesta terça-feira (15), que cerca de 25% de todo o território do Líbano está sob ordem de retirada de Israel.
De acordo com órgão, mais de 1,2 milhão de pessoas já foram forçadas a abandonar suas residências devido à escalada das hostilidades.
No contexto do conflito armado entre Israel e o grupo Hezbollah, a situação no Líbano tornou-se crítica desde o início da ofensiva israelense em 20 de setembro. Avisos foram emitidos pelas Forças Armadas de Israel, instando a população de regiões específicas a evacuar, principalmente no sul do país e na capital, Beirute.
Aya Wehbé, voluntária da Defesa Civil, foi mobilizada para auxiliar na sua própria comunidade em Beirute. Com apenas 25 anos, ela compartilhou a dificuldade emocional de ter que atuar em sua vizinhança, temendo encontrar conhecidos sob os escombros.
Desde o início dos conflitos, os socorristas têm enfrentado um cenário de alto risco, com cerca de 120 profissionais mortos e muitos outros feridos, segundo dados oficiais compilados pela AFP.
Desafios da defesa civil no Líbano
A dinâmica das operações de resgate no Líbano sofreu mudanças drásticas desde o agravamento dos confrontos. Wisam Qubeisi, um responsável pela comunicação e voluntário há cinco anos, destacou a escassez de equipamentos adequados como um dos principais obstáculos enfrentados pelas equipes de resgate. Em um Estado fragilizado, a falta de veículos e materiais adequados limita o alcance das ações humanitárias.
Em meio a roupas desbotadas, mangueiras desgastadas e equipamentos de segurança danificados, os socorristas dependem grandemente de doações para conseguirem operar. Yusef Malá, chefe de uma força de 8 mil socorristas, dos quais 5 mil são voluntários, afirmou que muitos dos centros operacionais da Defesa Civil foram estabelecidos mediante esforços pessoais, sem o apoio estruturado do governo libanês.
Riscos mais próximos da fronteira
No sul do Líbano, a proximidade com a fronteira israelense coloca ainda mais pressão sobre as equipes de resgate. Incêndios decorrentes de foguetes e combates intensos tornam cada missão desafiadora. Anis Abla, que lidera a Defesa Civil na região de Marjayoun, relatou como as operações estão cada vez mais perigosas, com bombardeios frequentes e combates diretos aos quais socorristas têm que responder.
O ministério da Saúde libanês divulgou, no início de outubro, que aproximadamente 40 socorristas e bombeiros foram vítimas fatais de bombardeios em um curto intervalo de três dias. A Cruz Vermelha libanesa também relatou que alguns de seus funcionários ficaram feridos em um ataque a uma residência durante uma operação coordenada com a missão da ONU.
Los Estados deben proteger a las personas refugiadas y solicitantes de asilo apátridas: Expertos en derechos humanos de la ONU.
📄 https://t.co/oOrX1VJHqv pic.twitter.com/wVRvrjD2aU
— ACNUR, la Agencia de la ONU para los Refugiados (@ACNUR_es) October 15, 2024