Recentemente, uma performance realizada pela travesti Tertuliana Lustosa em uma palestra na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) gerou discussões acaloradas sobre os limites da liberdade de expressão no ambiente acadêmico. A apresentação aconteceu durante um evento que abordava temas relacionados a gênero e sexualidade, promovido pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política.
Em dado momento, a cantora começou a cantar: “É o mestrado da p…, vou te ensinar gostoso, dando aula na sua p… (em referência ao órgão genital mas masculino), aqui não tem nota, nem recuperação, não tem sofrimento e se aprende com tesão”.
O evento em questão foi marcado por uma performance musical controversa de Tertuliana, que, no meio de sua palestra, cantou uma música com letras explicitamente provocativas. O vídeo da apresentação rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando milhares de compartilhamentos e dividindo opiniões entre internautas e membros da comunidade acadêmica.
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Como a UFMA está respondendo a essa performance?
A repercussão do episódio levou a UFMA a abrir um processo de averiguação interna para investigar o ocorrido. A Universidade destacou em nota oficial a necessidade de se equacionar liberdade de expressão com manutenção de um ambiente respeitoso e harmonioso para todos os membros do seu corpo acadêmico. No comunicado, a UFMA sublinhou o seu compromisso com a promoção de um espaço plural e voltado ao diálogo.
A instituição afirmou que ouvirá todas as partes envolvidas para melhor entender o contexto e as implicações da performance. A reitoria da UFMA ressaltou a importância de se preservar o respeito mútuo e a diversidade de ideias dentro do ambiente universitário.
As universidades são conhecidas por serem espaços de livre debate e troca de ideias, onde a liberdade de expressão é alicerce fundamental. No entanto, episódios como o de Tertuliana Lustosa levantam questões sobre quais são os limites dessa liberdade, especialmente quando as manifestações são consideradas ofensivas ou disruptivas por parte do público.
No contexto acadêmico, é crucial garantir tanto a liberdade de expressão quanto um ambiente onde todos os alunos e professores se sintam seguros e respeitados. Ao mesmo tempo, o debate sobre questões de gênero e sexualidade é particularmente desafiador, pois envolve sensibilidades culturais e pessoais.
O manifesto e as discussões sobre identidade de gênero
Além da performance, Tertuliana é conhecida por suas teses provocativas sobre identidade de gênero. Em um de seus trabalhos acadêmicos, intitulado “manifesto traveco-terrorista”, a artista desafia as noções tradicionais de identidade de gênero, defendendo a ideia de que não se nasce mulher ou travesti, mas que essas identidades são construídas social e culturalmente.
As propostas acadêmicas de Tertuliana Lustosa, assim como sua performance na UFMA, suscitam discussões sobre a representatividade e inclusão de diferentes identidades de gênero na sociedade e no meio acadêmico. Esses debates são essenciais para a construção de um ambiente mais inclusivo e compreensivo em relação às dissidências de gênero.
A importância do diálogo e do respeito mútuo
O caso de Tertuliana Lustosa na UFMA ressalta a importância do diálogo contínuo sobre os desafios e oportunidades oferecidos pela diversidade nas universidades. Ao buscar um equilíbrio entre liberdade de expressão e respeito mútuo, as instituições de ensino têm a oportunidade de se tornar verdadeiros baluartes de inclusão e inovação social.
À medida que a investigação interna segue, a comunidade acadêmica pode se beneficiar de um debate mais amplo sobre como integrar diferentes perspectivas e manter um ambiente onde todos possam se expressar e aprender plenamente.