Há uma terra escondida sob as águas da Oceania que desafia a imaginação: Zelândia. Descoberta oficialmente apenas em 2017 através de avançadas tecnologias de satélite, esta “nova” massa continental abriga mistérios geológicos e históricos sob as águas do Pacífico. Descobertas surpreendentes como esta tornam viagens pela Nova Zelândia ainda mais fascinantes.
Uma das formas mais emocionantes de explorar essa terra ancestral é através da trilha de bicicleta mais longa da Nova Zelândia, a Alps to Ocean (A2O). Esse percurso épico de 315km conecta os picos alpinos com o litoral do Oceano Pacífico, oferecendo uma imersão sem igual na dinâmica história geológica da região. O trajeto começa aos pés do imponente Aoraki/Mount Cook e atravessa vales vastos esculpidos por glaciares até alcançar a pitoresca cidade costeira de Ōamaru.
O que torna a Alps to Ocean uma experiência singular?
A Alps to Ocean apresenta não apenas paisagens deslumbrantes, mas a rica história tectônica. Milhões de anos atrás, ela fazia parte do supercontinente Gondwana, antes de se despedir e lentamente submergir quase completamente. Apenas 6% de Zelândia emerge como a Nova Zelândia que conhecemos, enquanto o restante permanece debaixo d’água, enigmático e cheio de fósseis que contam histórias de mares antigos e clima severo.
O geólogo Morriss descreve o Geoparque Waitaki Whitestone, uma parada importante neste trajeto, como um “mundo desaparecido”. Ali, vestígios de criaturas marinhas pré-históricas e fósseis de pinguins gigantes nos transportam para uma época muito anterior à chegada humana na região.
Como é percorrer o A2O?
A trilha A2O oferece um equilíbrio único entre isolação e acessibilidade. Embora alguns trechos sejam remotos o suficiente para admirar uma Via Láctea incrivelmente nítida, há diversas empresas que auxiliam ciclistas com transporte de bagagens e veículos de apoio. Isso, junto com o aumento na disponibilidade de bicicletas elétricas, abriu o caminho para um público mais amplo e variado.
No percurso, há oportunidades de exploração além do ciclismo, como navegar pela costa irregular do Geoparque Whitestone, conhecida por suas baías abrigadas e rica história fóssil. Ao atravessar a paisagem, um se imagina no habitat de criaturas extintas, como o pinguim gigante Kumimanu fordycei, que habitou a região antes de qualquer presença humana.
Pergunta: que desafios a Alps to Ocean pode apresentar?
Embora a A2O seja majoritariamente suave e ondulante, há momentos de desafio físico e técnico. Um exemplo é a subida de 300m até o ponto mais alto da trilha, Tarnbrae, onde ciclistas podem imaginar a grandiosidade da ave extinta Haliaeetus moa, o maior predador aéreo já conhecido. Passagens como o Sailors Cutting Scenic Reserve exigem cuidados adicionais devido a trilhas estreitas e expostas, que carregam os ciclistas através do tempo para os primórdios de Zealandia.
No último dia da viagem, durante o trecho compartilhado com a Rota do Mundo Desvanecido, existem marcos geológicos acessíveis como o intrigante Buraco da Cervejaria, uma testemunha de processos químicos antigos em ação.
A chegada a Ōamaru
Ao completar a trilha em Ōamaru, os ciclistas são saudados por uma cidade repleta de edificações neoclássicas, todas construídas com a pedra calcária, reminiscente de milhões de criaturas marinhas fossilizadas. Como Zelândia, esta história calcificada esteve oculta à vista de todos, pronta para ser redescoberta por quem se atenta aos detalhes.
Essa aventura através da trilha Alps to Ocean é mais do que uma jornada de ciclismo, é um mergulho na própria história geológica do planeta, revelando segredos que apenas a “terra perdida” de Zelândia poderia oferecer.
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