Embora muitas vezes considerado um inimigo do emagrecimento, o carboidrato é frequentemente eliminado da dieta sem critérios, prejudicando a saúde. Um estudo publicado no Diabetes and Metabolic Syndrome revelou que a redução drástica desse macronutriente pode estar ligada a um maior risco de diabetes tipo 2.
A pesquisa, conduzida na Austrália, analisou dados de 39.185 adultos que participaram do Melbourne Collaborative Cohort Study (MCCS), iniciado na década de 1990 para estudar os efeitos do estilo de vida nas doenças crônicas. Os pesquisadores cruzaram informações sobre alimentação, atividade física, circunferência abdominal, Índice de Massa Corporal (IMC) e diagnósticos médicos.
Restrição de carboidratos aumenta risco de diabetes, revela estudo
O estudo encontrou uma associação entre a baixa ingestão de carboidratos, combinada ao consumo elevado de gorduras e proteínas e à pouca ingestão de fibras, com um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2. Esse tipo de diabetes prejudica a função da insulina e aumenta o açúcar no sangue, contribuindo para problemas cardiovasculares e outros males.
A pesquisa também alerta para o perigo das dietas restritivas sem orientação profissional. Desde os anos 1970, o carboidrato tem sido alvo de desconfiança, mas as redes sociais ampliaram a popularidade de dietas como low carb, cetogênica, carnívora e jejum intermitente. Muitas pessoas eliminam carboidratos e os substituem por alimentos ricos em gordura saturada, o que contribui para desequilíbrios metabólicos.
Daniela Boulos, nutricionista da unidade de check-up do Hospital Israelita Albert Einstein, explica à CNN que retirar o carboidrato pode dar uma impressão enganosa de emagrecimento. “Mas, para emagrecer de fato, é necessário haver déficit calórico, ou seja, a menor ingestão de calorias em relação ao que se gasta”, afirma. Segundo ela, o corte de carboidratos leva principalmente à perda de água e não de gordura, pois o carboidrato retém líquidos nas células, formando o glicogênio, reserva energética do corpo.
A nutricionista Carla Muroya, também do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca à CNN que dietas restritivas podem prejudicar a relação com a alimentação. “Dietas restritivas também costumam prejudicar a relação com a comida”, diz Muroya, acrescentando que esses modelos afetam a vida social e cultural das pessoas e, em casos graves, podem levar a transtornos alimentares.
Esse estudo reforça a importância de uma abordagem equilibrada e orientada para a perda de peso, evitando restrições drásticas que possam trazer riscos à saúde.
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