O Hezbollah escolheu, nesta terça-feira (29), o sheik Naim Qassem, que ocupava o segundo posto na hierarquia do grupo, para substituir Hassan Nasrallah no comando da organização. Qassem, membro importante desde os anos 1990, assumiu a liderança de maneira interina após a morte de Nasrallah no fim de setembro.
“O conselho da Shura, órgão dirigente do Hezbollah, concordou em eleger o sheik Naim Qassem”, afirma nota oficial do grupo, que atualmente enfrenta Israel em uma guerra no sul do Líbano. Nasrallah faleceu em 27 de setembro, após um bombardeio israelense a instalações do Hezbollah em Beirute. Líder do grupo desde 1992, Nasrallah era a principal figura pública da organização. Após a ação, Israel declarou que o ataque tinha como objetivo sua morte. Desde então, Qassem estava entre os mais cotados para o cargo, junto com Hashem Safieddine, que teve sua morte confirmada em 23 de outubro.
🚨🇱🇧BREAKING: HEZBOLLAH has named Naim Qassem as the new Leader of Hezbollah, replacing Hassan Nasrallah. pic.twitter.com/GxLMQiipka
— Jackson Hinkle 🇺🇸 (@jacksonhinklle) October 29, 2024
Hezbollah nomeia Naim Qassem como novo líder após morte de Nasrallah
Naim Qassem atua no Hezbollah há mais de três décadas e esteve presente nas reuniões que resultaram na criação do grupo extremista na década de 1980. Em um discurso feito em rede nacional em 8 de outubro, ele declarou que o Hezbollah “não seria o primeiro a chorar” na guerra contra Israel, mostrando uma postura de resistência. Na ocasião, Qassem também afirmou apoiar um cessar-fogo, mas insistiu que o grupo “não baixará as armas” e que suas capacidades permaneciam “intactas”, apesar dos “golpes dolorosos” israelenses.
Nomeado vice-comandante em 1991 pelo então líder Abbas al-Musawi, morto no ano seguinte em um ataque israelense, Qassem manteve a posição quando Hassan Nasrallah assumiu a liderança. Desde então, é um dos principais porta-vozes do Hezbollah, frequentemente falando à imprensa internacional. Seu discurso de 8 de outubro foi a segunda aparição desde que o conflito com Israel escalou em setembro.
Qassem foi o primeiro membro da alta liderança do Hezbollah a falar em público após a morte de Nasrallah. Em declaração feita em 30 de setembro, ele anunciou que o grupo escolheria um novo líder “na primeira oportunidade” e continuaria lutando ao lado dos palestinos. “O que estamos fazendo é o mínimo. Sabemos que a batalha pode ser longa”, afirmou, em discurso de 19 minutos.
A história de Qassem no Hezbollah remonta às suas origens no Movimento Xiita Libanês Amal, grupo que deixou em 1979 após a Revolução Islâmica do Irã, que influenciou diversos jovens ativistas xiitas no Líbano. Ele esteve entre os que fundaram o Hezbollah, com apoio da Guarda Revolucionária do Irã, em resposta à ocupação israelense do Líbano em 1982.
Desde 1992, Qassem coordena as campanhas eleitorais do Hezbollah no parlamento libanês. Em 2005, ele publicou uma obra sobre a história da organização, considerada uma “visão de um insider” do grupo. Sua imagem é marcante: diferentemente de Nasrallah e Safieddine, que usavam turbantes pretos por serem descendentes do Profeta Muhammad, Qassem se distingue pelo turbante branco.
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