O assassinato de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, trouxe à tona a atuação de membros da Polícia Militar (PM) envolvidos em esquemas de segurança privada irregular. Em meio a esse cenário, foi confirmado que a Corregedoria da Polícia Militar havia instaurado um inquérito para investigar o suposto envolvimento dos cinco seguranças de Gritzbach com o PCC. A apreensão dos celulares desses PMs possibilitou a obtenção de novos elementos para a investigação, afirmou o secretário de Segurança, Guilherme Derrite.
Os PMs em questão foram acusados de realizar “bicos” como seguranças privados, algo proibido pelo Regulamento Disciplinar da instituição. Além disso, há a suspeita de que possam estar ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Estes fatores complicam ainda mais a situação dos agentes, que estão sob investigação da Corregedoria da Polícia Militar.
Samuel Tillvitz da Luz, um dos soldados mencionados, relatou à Corregedoria que, no dia do assassinato, estava prestando serviço de segurança para Gritzbach. Ele afirmou ter sido indicado para o trabalho por um tenente da PM, apesar das proibições formais a tais atividades.
Como ocorreu a execução de Gritzbach?
O crime foi brutal e bem documentado por câmeras de segurança. Dois homens encapuzados atacaram Gritzbach no Terminal 2 do aeroporto, efetivando ao menos 29 disparos. Gritzbach tentou escapar, mas foi atingido por dez tiros e não resistiu. A particularidade do ataque, a ousadia dos assassinos e a reação dos seguranças levantam suspeitas sobre a possibilidade de ação premeditada.
Os policiais que estavam na escolta alegam que problemas mecânicos impediram que uma das viaturas chegasse a tempo ao local. Estas alegações foram feitas em depoimentos à Polícia Civil e estão sendo investigadas, pois existe a hipótese de que tenha ocorrido falha deliberada na segurança.
“A vítima assassinada no aeroporto é o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que era um delator do Ministério Público de São Paulo, que estaria entregando uma série de esquemas de lavagem de dinheiro do PCC. Os feridos seriam seguranças de Gritzbach.”
Esse país acabou!… pic.twitter.com/mX4Pfyosac
— Café com Sardinha ☕🐟🐟🦈 (@CafeComSardinha) November 8, 2024
Por que a atuação dos PMs é controversa?
A prática de atividades de segurança privada por policiais militares, conhecida como “bico”, é uma questão controversa no Brasil. Embora oficialmente proibida, ela é amplamente tolerada, o que gera conflitos éticos e um campo fértil para a corrupção. No caso Gritzbach, a conexão dos policiais com um indivíduo envolvido com o PCC agrava a situação, levando a uma investigação minuciosa sobre suas ações.
Os depoimentos revelam que a motivação financeira levou a recontratações para serviços temporários, mesmo após descobertas de ligações criminosas. Ainda, testemunhos de policiais indicam que promessas de benefícios financeiros ultrapassaram as preocupações éticas e legais.
O desenrolar das investigações poderá resultar em severas penalizações para os policiais envolvidos, que variam de advertências até a expulsão das fileiras da PM. A Secretaria de Segurança Pública informou que os PMs estão afastados das atividades operacionais até a conclusão das investigações em curso.