CONFLITO EM GAZA

ONGs acusam Israel de não cumprir critérios dos EUA para ajuda humanitária

O governo de Israel não atendeu aos requisitos estabelecidos pelos Estados Unidos para aliviar a crise humanitária na Faixa de Gaza.
Crianças em Gaza – Crédito: depositphotos.com / federiconeri

O governo de Israel não atendeu aos requisitos estabelecidos pelos Estados Unidos para aliviar a crise humanitária na Faixa de Gaza, conforme indicou um relatório divulgado nesta terça-feira (12) por um grupo de oito organizações de ajuda humanitária.

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Israel não apenas não conseguiu atender aos critérios dos EUA que indicariam apoio à resposta humanitária, mas também tomou ações que pioraram drasticamente a situação no local, particularmente no norte de Gaza”, declararam as entidades.

O conjunto de critérios de avaliação foi divulgado dentro de um prazo de 30 dias, estabelecido pelo Secretário de Estado Antony Blinken e pelo Secretário de Defesa Lloyd Austin dos EUA, em uma carta enviada ao governo israelense no mês passado. No documento, as autoridades americanas destacaram que Israel deve agir em mais de uma dúzia de medidas concretas para aliviar a “deterioração da situação humanitária em Gaza”.

Organizações alertam para crise humanitária e risco de fome

Há semanas, organizações humanitárias e agências da ONU vêm chamando atenção para as condições “apocalípticas” no norte de Gaza, onde Israel conduz operações militares intensas. Na sexta-feira (8), um grupo de especialistas independentes advertiu que “há uma forte probabilidade de que a fome seja iminente em áreas no norte da Faixa de Gaza”.

O sistema de avaliação estima que “100 mil pessoas foram deslocadas da região norte para a Cidade de Gaza e entre 75 e 95 mil cidadãos permanecem sitiadas no norte de Gaza sem suprimentos médicos ou alimentares”. Segundo as organizações, a “falha em demonstrar um compromisso sustentado com a implementação e manutenção dessas medidas pode ter implicações para a política norte-americana” em conformidade com um memorando de segurança nacional do governo Joe Biden e a legislação dos EUA.

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A Seção 620i da Lei de Assistência Estrangeira dos EUA exige a interrupção da assistência de segurança a países que restrinjam a ajuda humanitária apoiada pelos Estados Unidos. Na semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que não iria “especular sobre o que pode ou não acontecer” ao final do prazo de 30 dias.

O relatório das organizações humanitárias detalhou “não conformidade, atrasos significativos ou retrocesso” em 15 das medidas estabelecidas na carta dos EUA. Houve apenas “implementação parcial ou inconsistente” em quatro dessas medidas, e nenhuma delas registrou “progresso total ou significativo”.

Os critérios de avaliação foram desenvolvidos por Anera, CARE International, MedGlobal, Mercy Corps, Norwegian Refugee Council, Oxfam, Refugees International e Save the Children, com base nas observações de suas equipes no local e em dados públicos.

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Dentre as ações não realizadas, estava a entrada mínima de 350 caminhões de ajuda humanitária por dia e o restabelecimento de 50 a 100 caminhões comerciais diários em Gaza. Kate Phillips-Barrasso, vice-presidente da Mercy Corps, descreve a situação como “o tipo de combinação letal de nenhuma assistência humanitária e nenhuma assistência comercial entrando, isso está acelerando a deterioração nos últimos 30 dias”.

Se você não está tendo movimento em um desses dois, então significa que as pessoas não terão nada para comer. É apenas uma equação muito básica, certo? Nada para comprar, nada sendo dado, e obviamente não há nada sendo cultivado ou pescado, ou qualquer coisa localmente, e sem mencionar que nunca sustentaria uma população de 2 milhões”, afirmou Phillips-Barrasso à CNN. Ela relatou que “as pessoas não estão mais apenas pulando refeições; elas estão fazendo uma refeição uma vez a cada dois dias, e é principalmente comida enlatada”. “Não há comida fresca”, acrescentou Phillips-Barrasso.

Segundo o relatório, o governo israelense também falhou em adotar “pausas adequadas” para permitir atividades humanitárias, revogar “ordens de deslocamento quando não há necessidade operacional”, garantir acesso de ajuda contínua ao norte de Gaza e elevar a segurança para trabalhadores e locais humanitários. “As forças israelenses atacaram repetidamente locais humanitários e equipes de resposta da linha de frente durante o período de 30 dias”, informaram as organizações.

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Desde 3 de outubro, pelo menos 14 trabalhadores humanitários foram mortos, incluindo quatro no período dos últimos 30 dias.

Apesar dos alertas dos EUA, o parlamento israelense votou para proibir a atuação da UNRWA, agência da ONU que atende refugiados palestinos. O Departamento de Estado dos EUA alertou que o trabalho da UNRWA “não pode ser preenchido por mais ninguém”.

Em uma coletiva de imprensa na última semana, Miller reiterou que os EUA deixaram claro para Israel que “há potenciais considerações legais e políticas pela falha em melhorar a situação da assistência humanitária em Gaza e implementar uma série de etapas que delineamos na carta”. “Estamos em discussão ativa com eles — inclusive nos últimos dias — sobre as etapas que eles tomaram e o que mais precisam fazer. E faremos uma avaliação quando chegarmos ao fim do período”, completou ele.

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O relatório humanitário conclui que “a eficácia dos esforços diplomáticos internacionais para aliviar a crise humanitária em Gaza depende da disposição dos Estados Unidos e de outros países para pressionar Israel a cumprir essas prioridades”.

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