Em um movimento recente, o governo australiano anunciou planos para implementar um limite de idade para o uso de redes sociais, estabelecido em 16 anos. Essa mudança ocorre em um contexto onde as preocupações com a segurança online e o bem-estar dos jovens estão crescendo. Os estados e territórios da Austrália expressaram apoio à medida, exceto a Tasmânia, que preferia um limite de 14 anos. No entanto, o anúncio gerou um intenso debate entre especialistas em tecnologia e defensores do bem-estar infantil.
Muitos especialistas questionam a eficácia da proposta, pois mais de 140 profissionais assinaram uma carta aberta ao primeiro-ministro Anthony Albanese argumentando que a medida é muito restritiva e não aborda adequadamente os riscos associados às mídias sociais. Atualmente, poucos detalhes foram divulgados sobre como a nova legislação será implementada, mas mais informações devem surgir quando o projeto for apresentado ao Parlamento na próxima semana.
Como a juventude percebe a nova medida na Austrália?
Leo Puglisi, um empreendedor de 17 anos de Melbourne, expressou ao g1 suas preocupações sobre o novo limite de idade. Fundador do serviço 6 News Australia aos 11 anos, Leo argumenta que os políticos não têm a mesma compreensão das redes sociais que os jovens. Ele destaca que essas plataformas são essenciais na vida cotidiana, sendo parte do trabalho, comunidade e entretenimento dos jovens. As novas regras, afirma Leo, podem simplesmente adiar a interação dos jovens com as redes, e não resolver os problemas subjacentes.
Leo foi reconhecido por seu trabalho e foi finalista para o prêmio Jovem Australiano do Ano em Victoria, o que destaca sua influência e a importância de seu ponto de vista sobre a questão das redes sociais.
Segurança online em foco
Entre os defensores da nova legislação está Sonya Ryan, uma ativista de segurança online que sofreu uma perda pessoal trágica quando sua filha foi assassinada por um predador online. Sonya enfatiza ao g1 os perigos que as redes sociais podem representar para as crianças, incluindo exposição a conteúdos inadequados e riscos de bullying e predadores. Ela acredita que a segurança das crianças deve ser priorizada sobre preocupações de privacidade.
Sonya faz parte de um grupo que aconselha o governo sobre estratégias para combater o abuso infantil online, ressaltando a necessidade de proteger os jovens em um ambiente digital cada vez mais complexo e perigoso.
Australia is planning to ban social media for children under 16 🇦🇺 pic.twitter.com/OKS02ztrpP
— Culture Crave 🍿 (@CultureCrave) November 7, 2024
Sistemas de autenticação online
Apesar das boas intenções, a implementação prática da legislação enfrenta desafios significativos, particularmente em relação à privacidade e à autenticação de idade. Relatórios sugerem que a identificação digital poderá ser usada para verificar a idade dos usuários, delegando às plataformas o papel de guardiãs da identidade. Especialistas como Tama Leaver advertem ao g1 que isso pode comprometer ainda mais a privacidade dos usuários, dado o histórico das redes sociais em proteger dados pessoais.
O comissário de segurança eletrônica da Austrália, que poderia assumir o papel de autenticador, sugere que a responsabilidade de verificação recairá sobre as plataformas. Isso levanta preocupações sobre como a privacidade será mantida em tal sistema.