O CEO Carrefour, Alexandre Bompard, sinalizou que se retratará por afirmar, na quarta-feira (20), que não compraria mais carne produzida no Mercosul. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) foi avisado por emissários da embaixada da França.
Este posicionamento ocorreu no meio das negociações do acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, fato que já vinha sendo alvo de protestos por parte dos agricultores franceses.
Após a declaração de Bompard, um boicote imediato se instaurou liderado por frigoríficos brasileiros que decidiram interromper o fornecimento de carne às lojas do Carrefour no Brasil. A resposta brasileira não foi isolada, contando com o apoio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e levantando críticas do governo, inclusive pela Embaixada do Brasil em Paris, que destacou a disseminação de desinformação nas alegações do Carrefour.
Órgão do Brasil se manifesta
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) lamentou a suspensão da compra dos produtos do Mercosul e afirmou que não enxergava razões para a decisão do Carrefour francês.
“Entendemos não haver motivos razoáveis para restrições à carne produzida no Mercosul. Seguimos os mais rigorosos padrões sanitários e ambientais, que garantem sua qualidade em todas as operações de venda de proteína brasileira ao exterior”, escreveu no comunicado.
O impacto do boicote no Carrefour Brasil
Desde o início do boicote, 23 frigoríficos brasileiros, incluindo grandes nomes como JBS, Marfrig e Masterboi, optaram por aderir à suspensão. Este movimento já começou a causar desabastecimento em mais de 150 lojas do Carrefour em território brasileiro.
Consequentemente, consumidores em São Paulo relatam a falta de produtos nas prateleiras, sinalizando os primeiros efeitos reais do conflito na experiência de compra.
Em resposta, o Carrefour Brasil lamentou a situação em nota oficial, reforçando seu compromisso com o agronegócio nacional.
Quais as repercussões econômicas para o Brasil?
O impacto da declaração do CEO vai além das gôndolas. Os acionistas do Carrefour no Brasil assumiram preocupação com as potenciais repercussões econômicas e diplomáticas desta situação e se comprometeram a buscar novo posicionamento junto à matriz francesa.
Com 3% das exportações brasileiras de carne destinadas à União Europeia de janeiro a outubro de 2024, o mercado europeu é considerável, embora a França compre apenas 0,02% do total exportado.
Mediação e possíveis resoluções
O embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, se reuniu com autoridades brasileiras na tentativa de mitigar as tensões e encontrar uma solução para o impasse comercial. A potencial publicação de uma carta de retratação por parte do CEO do Carrefour, já redigida segundo fontes, seria um dos passos para restaurar as relações entre as partes envolvidas.
— Carlos Fávaro (@Carloshbfavaro) November 20, 2024