Há 66 milhões de anos, a colisão do asteroide Chicxulub eliminou os dinossauros não-aviários e transformou radicalmente o planeta. No entanto, eventos de impacto não se restringem a essa famosa catástrofe. Outras rochas espaciais, quase tão imponentes quanto Chicxulub, atingiram a Terra cerca de 35 milhões de anos atrás, deixando marcas impressionantes — mas com efeitos inesperados.
Duas crateras gigantes, formadas por esses impactos, desafiam a lógica comum sobre os desastres provocados por asteroides. Apesar de suas dimensões, as colisões não alteraram o clima global nem causaram mudanças significativas na temperatura dos oceanos.
AQUÍ ES DONDE EMPEZÓ EL FIN DEFINITIVO DE LOS DINOSAURIOS 🤯
El gigantesco cráter Chicxulub, el sitio en México donde los científicos creen que comenzó el fin de los dinosaurio.
Este asombroso fenómeno es producto del impacto de un asteroide de grandes dimensiones hace unos 66… pic.twitter.com/1oT7v4cVYg
— Somos Cosmos (@InformaCosmos) April 18, 2023
Por que esses impactos não mudaram o clima?
Os dois eventos ocorreram com uma diferença de 25 mil anos. O primeiro asteroide, com diâmetro estimado entre cinco e oito quilômetros, formou a cratera Popigai, na Sibéria, com 100 quilômetros de diâmetro. O segundo, medindo entre três e cinco quilômetros, deu origem à cratera da Baía de Chesapeake, na costa leste dos Estados Unidos, com até 85 quilômetros de largura.
Essas estruturas são a quarta e a quinta maiores crateras conhecidas na Terra, e sua formação foi acompanhada de tsunamis e incêndios massivos, além de uma explosão de poeira que bloqueou temporariamente a luz solar. Porém, ao contrário do impacto de Chicxulub, esses eventos não deixaram marcas duradouras no clima do planeta.
Cientistas investigaram se as colisões alteraram a temperatura dos oceanos nos 150 mil anos seguintes. Para isso, analisaram microfósseis marinhos chamados foraminíferos, pequenos organismos que armazenam informações sobre o ambiente em que viveram. O padrão dos isótopos — variações de átomos que indicam alterações na temperatura da água — foi o foco do estudo publicado nesta quarta-feira (4) na revista Communications Earth & Environment.
“Esperávamos ver uma alteração nos isótopos, indicando águas mais quentes ou mais frias, mas isso não aconteceu”, explicou Bridget Wade, coautora da pesquisa, em um comunicado.
O que torna Chicxulub diferente?
Os cientistas sugerem que o impacto de Chicxulub teve consequências climáticas devastadoras por vários fatores, incluindo a composição da região atingida. Enquanto o asteroide que extinguiu os dinossauros colidiu com uma área rica em enxofre e carbono, gerando intensas mudanças atmosféricas, os impactos no final do Eoceno atingiram zonas que não liberaram materiais suficientes para alterar o clima global.
Embora catastróficos em escala local, esses eventos não tiveram força para provocar transformações de longo prazo. Para os pesquisadores, isso ressalta a complexidade dos impactos de asteroides e seus efeitos variados.
As duas crateras permanecem como testemunhas de forças colossais que, apesar de sua magnitude, não reescreveram a história climática do planeta.
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