Espanha e a divergência pelo perdão aos separatistas

O presidente Pedro Sánchez marcou a sua disposição para “enfrentar o problema e buscar a harmonia”. Sofre pressões da esquerda e da direita, insatisfeitas com a medida

Premiê Espanhol Pedro Sánchez (Crédito: Getty Images)

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o seu Conselho de Ministros, aprovaram o perdão aos independentistas presos por promoverem o “procés”, que culminou no referendo ilegal de 1 de outubro de 2017, e na declaração de independência da Catalunha. Uma medida que busca sanar a divisão na Espanha e abrir espaço para um “novo projeto de país”.

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Sánchez falou assim na conferência “Reencontro: um projeto para o futuro de toda a Espanha”, convocada no Gran Teatro del Liceo de Barcelona, onde, após o anúncio da medida de graça, foi vaiado com gritos de “independência, República Catalã, anistia e liberdade”.

O presidente manifestou a sua vontade de “enfrentar o problema e buscar a harmonia”, mas não havia na conferência nenhum representante do Governo catalão, que promoveu manifestação frente ao prédio. E a medida irrita igualmente os partidos de direita que exigem que as penas contra os separatistas sejam mantidas.

Anistia

Segundo Sánchez, o Governo tem a obrigação de processar os pedidos de indulto e acredita que a pandemia transformou a sociedade: “Lembrou-nos até que ponto precisamos uns dos outros”.

“Vim a Barcelona, à Catalunha, convencido de que nos próximos dias a democracia espanhola vai dar um grande passo para que aconteça este reencontro necessário e urgente”.

“Não devemos esperar até um momento mais propício; se há um momento de união, é este”, raciocinou. Para o presidente, “já há muitos catalães que tomam a mão estendida da reconciliação”, e ele acredita que o Governo não pode ficar para trás, mas está “obrigado a marcar o caminho”.

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O presidente defendeu ainda a “plena legalidade e absoluta constitucionalidade” da medida de graça, em resposta às vozes da oposição que a qualificaram de “ilegal, inconstitucional e imoral”, como foi o caso da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, provável rival de Sánchez nas próximas eleições.

“É uma figura necessária em determinados momentos, não questiona nem revoga qualquer condenação final, é um plano diferente, não mais judicial”, explicou o presidente, referindo-se ao artigo 62 da Constituição espanhola.

Apoio

“Materialmente, tiramos nove pessoas da prisão, mas simbolicamente adicionamos milhões e milhões à coexistência”, encerrou o seu discurso. Seja como for, Sánchez entende que o perdão não servirá para impedir que os políticos presos aspirem à independência. “Não esperamos que aqueles que defendem a independência abandonem seus ideais”, afirmou.

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A medida foi apoiada pelo empresariado espanhol, que sofreu grandes perdas após o processo independentista e a saída de grandes conglomerados estrangeiros. “Defendemos a unidade da Espanha e consideramos que o problema da Catalunha deve ser resolvido por todos os espanhóis, porque faz parte da soberania do povo espanhol”, disse o presidente da Confederação das Organizações Empresariais (CEOE), Antonio Garamendi , que se desculpou por ter falado anteriormente a favor do perdão.

“Algo foi interpretado que eu não disse, ou expliquei errado. Eu não disse que concordo com os perdões. Estamos com a Constituição, queremos que tudo funcione sob o império da lei, através do Estado de Direito e foi isso que transmiti”, afirmou.

Desunião

Para os independentistas, no entanto, o discurso de Sánchez é apenas “teatro e propaganda”. Os partidos separatistas Esquerra Republicana (ERC), Junts, PDeCAT e CUP procuraram censurar o Presidente do Governo, e alertaram que não vão parar até obterem a anistia: apresentaram mais de 200.000 assinaturas que a organização Òmnium Cultural e Amnistia i Llibertat juntaram a favor justamente da Lei de Anistia para os presos do procés.

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Esses partidos apresentaram essa lei na Câmara Baixa em março, como haviam prometido na campanha eleitoral catalã, mas a Mesa, formada pelo PSOE, PP e Vox, vetou a sua tramitação, alegando que é inconstitucional.

Além disso, para o partido da extrema direita Vox, Sánchez “se ajoelhou diante do golpismo, do separatismo e da barbárie”. Jorge Buxadé, porta-voz político do Vox, destacou que os perdões aos presos do “procés” representam um sério prejuízo aos sindicatos tradicionais e à CEOE.

*Por Maximiliano Sardi – Editor de Internacionais.

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*Texto publicado originalmente no site Notícias, da PERFIL Argentina.

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