O Brasil enfrenta atualmente uma das piores secas da história, impactando diretamente setores vitais como a agricultura e a pecuária. Estes setores, responsáveis por 22% do Produto Interno Bruto (PIB), sofrem perdas significativas devido às condições climáticas adversas. As crises climáticas já resultaram em prejuízos de aproximadamente R$ 287 bilhões ao longo da última década, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios. Porém, existe uma solução: as terras indígenas.
Um estudo recente do grupo de pesquisa em ecologia tropical do Instituto Serrapilheira destaca o papel crucial que as terras indígenas desempenham na sustentabilidade dos setores agrícolas e pecuários. A umidade que vem dessas terras é fundamental para o abastecimento hídrico em diversas regiões produtivas do Brasil.
Como as terras indígenas influenciam a agropecuária?
As terras indígenas na Amazônia são essenciais para a formação de chuvas em várias partes do país. A pesquisa mostra que a umidade gerada nessas áreas sustenta a atividade agropecuária em 18 estados e no Distrito Federal. Em 2021, os nove estados que mais se beneficiaram dessa umidade produziram, juntos, cerca de 57% da renda agropecuária do Brasil.
No entanto, essas regiões enfrentam uma contradição preocupante. Estados como Rondônia e Mato Grosso, que dependem significativamente da umidade proveniente das terras indígenas, estão entre os principais responsáveis pelo desmatamento desde 1985. Essa prática ameaça a própria base econômica desses estados, que é a agricultura.
Como funcionam os rios voadores?
Os rios voadores são correntes de vapor de água que se originam no oceano e se deslocam pelo país, sendo fundamentais para a formação de chuvas. No processo, a água evaporada é levada até a região amazônica, onde a vegetação a absorve e a libera novamente na atmosfera. Esses ventos carregam a umidade por todo o território brasileiro, promovendo precipitações nas áreas agrícolas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mais de 90% da agricultura brasileira depende dessas chuvas devido à falta de sistemas de irrigação. Isso torna a produção agrícola altamente vulnerável a alterações nos padrões de precipitação, com impactos que se estendem além das fronteiras econômicas.
Qual o impacto econômico da seca na agricultura?
O Paraná, por exemplo, um dos maiores produtores de soja e milho do Brasil, teve uma receita de R$ 90,5 bilhões com esses grãos em 2023. No entanto, o estado também registrou perdas de R$ 10 bilhões devido à seca, sublinhando a fragilidade do setor diante de condições climáticas extremas.
Outro exemplo é o Acre, onde a seca severa afetou não apenas a produção de soja, mas também a agricultura familiar. A falta de chuva levou à escassez de produtos básicos como legumes e verduras, mostrando o impacto direto dessa crise no dia a dia das pessoas.
Estudo inédito aponta que chuvas das Terras Indígenas da Amazônia contribuem para 57% da renda agropecuária do Brasil 👇
As Terras Indígenas da Amazônia influenciam as chuvas que abastecem 80% da área das atividades agropecuárias no país. O estudo mostra que a influência dessas… pic.twitter.com/QVE4ubV4Ro
— Instituto Serrapilheira (@iserrapilheira) December 3, 2024
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