O Brasil enfrentou recentemente um dos períodos de estiagem mais severos de sua história, com mais de 130 cidades vivendo mais de nove meses consecutivos sob seca. Essa situação extrema deve-se a uma combinação de fatores naturais e antrópicos, incluindo o fenômeno climático El Niño e ações humanas como desmatamento e uso indiscriminado fogo.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), cerca de 59% do território brasileiro, equivalente a mais de 5 milhões de km², foi afetado por essa seca prolongada. Embora o fenômeno tenha atingido todo o país, as regiões variaram em termos de intensidade e duração da crise, destacando as diferenças climáticas regionais.
Quais são os motivos por trás da seca prolongada?
As causas da seca no Brasil são múltiplas e interligadas. Entre as principais está o El Niño, que contribui para o aquecimento das águas do Pacífico e altera os padrões de chuva, resultando em condições mais secas. Além disso, bloqueios atmosféricos impedem o avanço de frentes frias, ocasionando chuvas abaixo da média.
Outro fator significativo é o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, que afetou diretamente o regime de chuvas no Brasil. Esse conjunto de fenômenos climatológicos, somado às intervenções humanas, criou um cenário propício para uma das secas mais severas já registradas no país.
Como a seca afeta diferentes regiões do Brasil?
A extensão e a intensidade da seca variam de região para região. Enquanto uma cidade como Santa Isabel do Rio Negro, no estado do Amazonas, vivenciou 14 meses de seca severa, outras localidades apresentaram níveis de severidade e impacto diferenciados. Isso está diretamente relacionado às características geográficas e climáticas de cada área.
No Amazonas, por exemplo, a seca forçou milhões de pessoas a viverem sem acesso adequado à água, afetando comunidades ribeirinhas que dependem da pesca. O impacto também se faz sentir na agropecuária, resultando em perdas econômicas significativas que, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, superam os R$ 2 bilhões.
Qual o papel das queimadas durante o período de seca?
Concomitantemente à escassez de chuva, as queimadas aumentaram exponencialmente, agravando ainda mais a situação ambiental. Biomas como o Pantanal, Amazônia e Cerrado foram severamente atingidos por incêndios, que se alastraram para além dos períodos típicos, preenchendo o ar com fumaça em grande parte do país.
As queimadas, muitas vezes provocadas pela ação humana, trazem impactos ambientais devastadores. Elas aumentam a emissão de gases de efeito estufa e reduzem a biodiversidade, exacerbando ainda mais as mudanças climáticas e contribuindo para a repetição do ciclo de seca.
A seca vai continuar até março?
A recuperação desta crise prolongada exige períodos de chuva acima da média, os quais não são esperados em curto prazo. A previsão indica que a seca persistirá, especialmente na região central do Brasil, até pelo menos março. As condições climáticas atuais, agravadas pelo calor do verão, podem intensificar a evapotranspiração e aumentar a severidade da seca.
Frente a esse cenário, torna-se crucial a implementação de estratégias eficazes de manejo de recursos hídricos e medidas de mitigação de desastres ambientais. A cooperação entre órgãos governamentais e a conscientização da população sobre o uso sustentável dos recursos naturais são passos essenciais para enfrentar as repercussões prolongadas dessa estiagem.
Siga a gente no Google Notícias