Colapso da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC): Uma ameaça iminente

Um colapso das correntes oceânicas do Atlântico, causado pelo aquecimento global e pelo derretimento das camadas de gelo da Groenlândia, parece cada vez mais provável e próximo. As consequências podem ser devastadoras para o clima mundial.

Colapso da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC): Uma ameaça iminente
Colapso da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC): Uma ameaça iminente – Crédito: Brendan O’Donnell / Unsplash

O colapso das correntes oceânicas do Atlântico, conhecido como Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), pode estar mais próximo do que imaginávamos. Este fenômeno, com potencial para causar uma intensa onda de frio em grandes partes da Europa, ganhou novos contornos com uma recente pesquisa. Um estudo publicado na revista Science Advances e divulgado pelo Estadão revela previsões alarmantes sobre o futuro dessas correntes.

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Conduzida por Rene van Westen, cientista climático e oceanógrafo da Universidade de Utrecht, na Holanda, a pesquisa utilizou simulações computadorizadas complexas que incluem múltiplos fatores. Esses modelos apontam para um ponto de inflexão abrupto e inevitável.

O que é a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC)?

A AMOC é uma das principais forças reguladoras do clima global e dos oceanos. Ela transporta calor da região tropical para o norte do Atlântico, contribuindo para o clima ameno na Europa. Essa corrente é crucial para a regulação da temperatura da Terra, a absorção de dióxido de carbono e o ciclo da água. Porém, sua desaceleração está ligada ao derretimento das camadas de gelo da Groenlândia devido ao aquecimento global.

Como o derretimento da Groenlândia afeta a AMOC?

O derretimento do gelo na Groenlândia está adicionando grandes volumes de água doce ao Atlântico Norte. Isso desacelera a AMOC, uma vez que a diferença de salinidade e temperatura é o que impulsiona essa corrente. O estudo mostra que essa adição de água doce está enfraquecendo a AMOC em um ritmo acelerado.

Quais as consequências do colapso da AMOC?

O colapso da AMOC poderia transformar o clima global de diversas maneiras:

  • Redução de temperaturas no noroeste da Europa entre 5 °C e 15 °C.
  • Expansão do gelo do Ártico para o sul, afetando toda a ecologia regional.
  • Aumento das temperaturas no Hemisfério Sul.
  • Alterações nos padrões de chuva globais, impactando regiões como a Amazônia.
  • Possível escassez de alimentos e água em diversas partes do mundo.

Quando ocorrerá o colapso da AMOC?

Os pesquisadores indicam que um colapso abrupto da AMOC pode ocorrer dentro de algumas décadas, muito antes do que se pensava. Enquanto a comunidade científica ainda debate a exata cronologia desse fenômeno, há um consenso crescente sobre sua iminência. Van Westen afirma que, embora possa levar um século para se concretizar, não é impossível que estejamos vivos para presenciar esse evento.

O que os cientistas estão fazendo?

Pesquisadores têm utilizado sensores robóticos flutuantes para monitorar a força da AMOC em tempo real. Estas observações mostraram um ponto de resfriamento ao sul da Groenlândia, outro indicativo de que a AMOC está desacelerando.

Qual é o futuro da AMOC?

Segundo o estudo, as mudanças climáticas induzidas pelo homem são o principal fator para este colapso potencial. Dados coletados desde a década de 1950 indicam que a AMOC já enfraqueceu em cerca de 15%. Stefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Clima, vê isto como um grande avanço na ciência da estabilidade das correntes oceânicas.

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O futuro depende de ações globais para reduzir as emissões de carbono e mitigar o aquecimento global, algo que Joel Hirschi, do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, ressalta ser de extrema urgência.

Em resumo, o colapso da AMOC é uma ameaça iminente que exige atenção e ação imediata. A ciência avança, mas o tempo para agir está se esgotando.

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