O Japão, conhecido por sua rica tradição culinária centrada no arroz, enfrenta uma crise sem precedentes no abastecimento desse grão essencial. Em janeiro de 2025, o preço do arroz aumentou 71% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, forçando o governo a liberar estoques reguladores pela primeira vez na história. Esta situação reflete não apenas uma questão econômica, mas também um desafio social significativo para a população japonesa.
O Ministério da Agricultura do Japão anunciou que até março serão disponibilizadas 210 mil toneladas de arroz de um estoque total de 1,1 milhão de toneladas. Atualmente, o preço de uma saca de 5 kg de arroz japonês é de 3.688 ienes, o mais alto desde o desastre nuclear de Fukushima em 2011. Em contraste, no Brasil, o preço da mesma quantidade de arroz varia entre R$ 25 e R$ 35, dependendo da qualidade e do local de venda.
Quais são as causas da crise de arroz no Japão?
A crise atual é resultado de uma combinação de fatores pontuais e estruturais. O clima seco durante o verão de 2024 no Hemisfério Norte reduziu a safra e os estoques, impactando os preços desde novembro. Além disso, o aumento do turismo antes do inverno contribuiu para a alta demanda por iguarias japonesas, elevando ainda mais a inflação do arroz. Este cenário levou a um comportamento especulativo entre comerciantes e agricultores, que aumentaram os preços e retiveram o produto para maximizar lucros.
Como a estrutura produtiva afeta o abastecimento de arroz?
Desde a abertura econômica do Japão no pós-guerra, o consumo de arroz per capita caiu significativamente, de 118 kg por pessoa em 1962 para 51 kg em 2022. Para manter os preços e o lucro dos agricultores, o governo restringiu a produção, resultando em uma redução de 20% na área plantada. A produção anual caiu de 14,3 milhões de toneladas em 1967 para 7,3 milhões em 2022. A crise climática, aliada a uma estrutura produtiva restritiva, complicou ainda mais o suprimento de arroz no país.
Quais são os impactos globais da crise de arroz na Ásia?
A crise de arroz não é exclusiva do Japão. Outros países asiáticos, onde o arroz é um alimento básico, também enfrentam desafios devido ao clima extremo, à escassez de água e ao aumento dos custos de produção. A Tailândia, por exemplo, viu sua produção cair 6% entre 2023 e 2024. A Índia, buscando proteger seu mercado interno, baniu a exportação de arroz que não seja do tipo basmati, afetando significativamente o Sudeste Asiático. Nas Filipinas, a quebra de safra em 2024 levou a um aumento de 30% nas importações e à declaração de emergência alimentar pelo governo.
Quais são as perspectivas para o futuro do abastecimento de arroz no Japão?
O primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que assumiu em outubro de 2024, enfrenta o desafio de lidar com a crise de arroz em meio a problemas de crescimento econômico. Apesar da queda no consumo, o arroz continua sendo um elemento central na cultura e na vida cotidiana dos japoneses. A segurança alimentar é fundamental para a estabilidade social, mesmo em economias avançadas. Portanto, o governo japonês precisará adotar medidas eficazes para garantir o abastecimento e estabilizar os preços do arroz no futuro.
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