
No Brasil, algumas cidades apresentam uma curiosa estatística: possuem mais imóveis do que habitantes. Essa tendência é especialmente observada em locais que são destinos turísticos populares, onde a demanda por segundas residências e casas de veraneio é alta.
De acordo com dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa peculiaridade está presente em diversas cidades distribuídas por várias regiões do país, refletindo dinâmicas específicas de uso e ocupação do solo nessas localidades.
Quais são as cidades com essa característica?
Rio Quente, no estado de Goiás, é um exemplo notável. Embora a cidade tenha cerca de 3,9 mil moradores, ela conta com mais de 4,1 mil imóveis. Essa disparidade se deve à sua fama como destino turístico, graças às águas termais que atraem visitantes durante todo o ano.
Além de Rio Quente, existem pelo menos outras 18 cidades brasileiras com mais imóveis do que habitantes. No litoral norte do Rio Grande do Sul, Arroio do Sal destaca-se por ter 7.800 casas a mais do que pessoas, com uma população aproximada de 11,1 mil habitantes.
Cidades turísticas e suas peculiaridades
Muitos desses municípios com mais imóveis que moradores são destinos turísticos, como Ilha Comprida em São Paulo, Matinhos no Paraná, Ilha de Itamaracá em Pernambuco, Mangaratiba no Rio de Janeiro e Saubara na Bahia. Nestes locais, a infraestrutura turística e a demanda por segundas residências impulsionam o mercado imobiliário a patamares superiores ao necessário para a população local.

- No litoral norte do Rio Grande do Sul, sete das dezoito cidades listadas apresentam essa particularidade.
- Xangri-Lá, Cidreira, Balneário Pinhal e Palmares do Sul são mais alguns exemplos desta tendência no estado gaúcho.
O que motiva essa discrepância?
A diferença entre o número de imóveis e habitantes é impulsionada principalmente pelo turismo. Cidades com atrações naturais, como praias e fontes termais, tendem a ter um influxo de visitantes que adquirem propriedades para aproveitamento ocasional. Essa situação é comum em cidades que tentam captar mais turistas pela ampliação de praias ou melhorias em seus pontos turísticos.
Por exemplo, Matinhos, no Paraná, recentemente investiu em um grande projeto de expansão de sua orla marítima, aumentando a atratividade turística da cidade e, consequentemente, a demanda por imóveis.
Impactos e implicações para o futuro
A existência de mais imóveis que habitantes em cidades turísticas levanta questões sobre o uso sustentável do território e os desafios da gestão urbana. A manutenção de infraestrutura para um número de residências que supera o de moradores permanentes demanda planejamento cuidadoso e políticas públicas que equilibrem interesses turísticos e comunitários.
Com o crescente interesse por destinos de lazer, essas cidades devem continuar a observar esta dinâmica imobiliária, ajustando estratégias para maximizar benefícios econômicos do turismo enquanto administram a pressão sobre recursos locais.
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