
Uma gravação inédita revela o instante em que o Ministério Público e a Polícia Civil apreendem mais de R$ 300 mil na residência de José Aprígio, ex-prefeito de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, pelo Podemos. O dinheiro foi localizado durante a “Operação Fato Oculto”, realizada na semana passada.
Os valores não têm origem comprovada, segundo os investigadores. A defesa de Aprígio afirma que ele poderá demonstrar, futuramente, que o montante consta em sua declaração de imposto de renda.
O político, que disputava a reeleição, é suspeito de planejar um falso atentado contra si mesmo. O caso ocorreu uma semana antes do segundo turno das eleições municipais do ano passado. Na ocasião, o carro blindado onde ele estava foi atingido por seis disparos. Um dos projéteis, de um fuzil AK-47, feriu seu ombro esquerdo de raspão.
Apesar do episódio, a tentativa de reeleição fracassou. No momento do ataque, Aprígio estava acompanhado por seu motorista, um secretário e um videomaker. Nenhum deles se feriu. Minutos depois, um vídeo editado da cena foi divulgado à imprensa.
Outro atentado fake! O MP concluiu que a tentativa de homicídio contra ex-prefeito Aprigio, de Taboão da Serra, foi forjada. Apesar da inspiração em outro político que simulou atentado e foi eleito, o esquema de atentado fake em Taboão da Serra não alcançou êxito eleitoral. pic.twitter.com/ku4DfaDUsg
— Professor Adelino (@ProfAdelino_) February 17, 2025
Ex-prefeito bancou o atentado?
A descoberta do dinheiro fez crescer as suspeitas sobre o envolvimento do ex-prefeito na encenação do crime. A ação policial que resultou na apreensão dos valores fez parte de uma série de mandados de busca e apreensão em 16 endereços ligados a investigados.
Em delação premiada, Gilmar Santos, um dos atiradores presos, declarou que ele e mais três cúmplices receberam R$ 500 mil para simular o ataque. Segundo ele, Aprígio financiou tanto o pagamento quanto a compra da arma usada, que teria custado R$ 85 mil.
“O combinado do que ele [Aprigio] queria, era um ‘susto’, mas um ‘susto’ que desse mídia pra poder passar no Fantástico, pra poder chamar atenção do eleitor. Tipo, como ele sofreu um atentado”, afirmou Gilmar. “O prefeito sabia.”
O programa da TV Globo, no entanto, não exibiu o caso.
Ainda conforme o delator, ele e Odair Júnior de Santana efetuaram os disparos contra o veículo do ex-prefeito e, em seguida, incendiaram o carro em Osasco, na região metropolitana de São Paulo.
As ordens teriam sido repassadas por intermediários: Anderson da Silva Moura, conhecido como “Gordão”, e Clóvis Reis de Oliveira.
Os investigados
Três ex-secretários de Aprígio estão sob investigação: José Vanderlei Santos (Transportes), Ricardo Rezende Garcia (Obras) e Valdemar Aprígio da Silva (Manutenção e irmão do político). Além deles, o sobrinho do ex-prefeito, Cristian Lima Silva, também é suspeito.
Caso as acusações sejam confirmadas, todos poderão responder por associação criminosa, tentativa de homicídio, incêndio e adulteração de placa de veículo. Se condenados, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.
Além de Gilmar, são réus no caso Odair Júnior de Santana e Jefferson Ferreira de Souza. Os dois últimos estão foragidos. Anderson está preso, enquanto Clóvis segue sendo procurado. Os suspeitos tiveram seus celulares apreendidos para perícia. O fuzil usado na suposta encenação do crime ainda não foi encontrado.
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