A frase de efeito, lançada por Luiz Henrique Mandetta, repetida à exaustão, mostrou na época da sua demissão e saída do Ministério da Saúde, o duelo entre ciência e negacionismo que o Brasil enfrentava desde que teve início a crise do coronavírus.
Em entrevista exclusiva ao Grupo Perfil Brasil, ele falou sobre as divergências com o presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia. Mandetta diz que seu compromisso sempre teve como base a ciência e tinha ao seu lado, antes de sua saída do ministério, uma equipe altamente qualificada.
“Definimos alguns pontos: não haveria vida descartável. Ali já era um ponto conflituoso, pois tinha gente que dizia que quem tiver que morrer, vai morrer mesmo…”
Apesar da situação, que classificou como “insustentável” no Governo, Mandetta deixou claro que, em um cenário da pandemia, não abandonaria o barco.
“Eu não ia pedir para sair. Pensei: Quem quiser que eu saia, que me tire”.
Mandetta é médico ortopedista e Deputado Federal. Ele estava à frente do Ministério da Saúde quando surgiu o coronavírus, de origem e cura ainda desconhecidas e assombrando a população, com mortes em todo o planeta. “O vírus não tem lado, não negocia com ninguém… Derrubou sistemas robustos, como Alemanha. Tínhamos algumas forças e uma delas era o SUS”.
Sobre a Prevent Senior, operadora de plano de saúde que virou alvo da CPI da Pandemia na reta final, ele lembra que já tinha alertado para os riscos em relação aos pacientes.
“Temos um hospital de idosos… o que você não quer? Aglomeração de idosos, todos doentes… Você não quer que entre um vírus neste ambiente. Foram 79 óbitos somente em um hospital de São Paulo. Apontei vários erros e tive que falar a verdade para a população”, pondera.
Nesta entrevista, Mandetta fala ainda da candidatura à presidência da República e aposta numa terceira via unida para sair na frente diante de nomes como Lula e Bolsonaro. Confira!