Um motorista de aplicativo foi morto a tiros na noite do último sábado (16) na favela da Carobinha, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo relatos, ele foi alvejado por milicianos que controlam uma das entradas da comunidade e fazem a “guarda” da região.
O crime ocorreu após o motorista ignorar uma ordem de parada dada pelo grupo armado. A vítima dirigia um veículo com dois passageiros, que também foram atingidos, mas sobreviveram.
Motorista recusa atender ordem
Policiais do 40º Batalhão (Campo Grande) foram chamados ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, onde as duas pessoas feridas buscaram atendimento. Elas contaram aos agentes que o veículo de aplicativo foi interceptado por criminosos que exigiram que o carro parasse.
Diante da recusa do motorista em atender à ordem, os milicianos dispararam várias vezes contra o automóvel. O motorista morreu ainda no local, enquanto os passageiros foram socorridos com ferimentos. O hospital informou que ambos permanecem internados em estado estável.
Agentes da Polícia Civil isolaram a área onde ocorreu o homicídio para realizar a perícia. O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande), que investiga a autoria e as circunstâncias do crime.
As milícias atuam de forma organizada em diversas comunidades do Rio de Janeiro, controlando atividades como transporte, venda de gás, fornecimento de internet e até segurança privada. Esses grupos, muitas vezes compostos por ex-policiais, militares e agentes de segurança, surgiram com a justificativa de combater o tráfico de drogas, mas acabaram instaurando um regime paralelo de exploração e violência.
O controle de entradas e saídas em comunidades é uma das estratégias utilizadas para garantir o domínio territorial. Nessas áreas, motoristas e moradores frequentemente relatam imposições arbitrárias e são obrigados a pagar taxas para circular ou exercer atividades comerciais, sob pena de represálias violentas.
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