sentimento de injustiça

Pai lamenta morte do filho após prisão por engano: ‘Nada vai trazer ele de volta’

Após ser detido injustamente, Jonas perdeu o filho de 1 ano em um afogamento. Agora, ele receberá R$ 500 mil do governo como indenização.
Miguel Tayler Pereira Gualberto morreu afogado em piscina em Planaltina – Crédito: Reprodução/TV Anhanguera

Após ser detido injustamente, Jonas Pereira Gualberto perdeu o filho de 1 ano em um afogamento. Agora, ele receberá R$ 500 mil do governo de Goiás como indenização. Mesmo assim, o sentimento de injustiça persiste.

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Eu acho que nunca vai ter justiça, porque aconteceu de uma criança morrer inocente, sem ter culpa de nada. Eu sei que nada vai trazer ele de volta, mas, pelo menos, vamos ter uma condição de dar uma vida melhor para os irmãos dele”, declarou o pai à TV Anhanguera.

A prisão ocorreu em julho de 2020, quando Jonas Pereira foi levado pela polícia enquanto cuidava dos três filhos, deixando-os sozinhos. Seu filho mais novo, Miguel Tyler Pereira Gualberto, caiu na piscina da casa, em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Hoje, a criança teria 6 anos.

A decisão da Justiça de conceder a indenização foi tomada em outubro de 2024, mas só veio a público agora. A Procuradoria Geral do Estado (PGE-GO) informou que adotará as medidas necessárias para cumprir a sentença.

O Tribunal de Justiça de Goiás determinou que o governo pague indenização por danos morais, considerando que “o evento danoso [a morte do bebê] decorreu da ação ou omissão do agente público”. Na época, a Polícia Militar concluiu uma investigação interna e afirmou que os policiais envolvidos na prisão não tiveram responsabilidade sobre o ocorrido.

Prisão injusta e a morte do filho

Segundo a família, Jonas Pereira Gualberto foi preso dentro de casa, acusado de roubo, enquanto cuidava dos filhos de 1, 3 e 6 anos. Ele contou que a esposa estava no supermercado no momento.

“Meus meninos estavam no quarto, assistindo [TV] no começo da casa. No momento que saí no portão para pegar a vassoura, eles [policias] já me algemaram e falaram que eu estava preso”, relatou.

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Pouco tempo depois, ao chegar na delegacia, a testemunha do crime não o reconheceu, e ele foi liberado. No caminho de volta para casa, soube do afogamento do filho.

A mãe da criança, Raifra da Silva, relembrou o desespero ao encontrar o bebê na piscina.

“Eu pulei dentro da piscina, peguei pelos pés dele, coloquei nos meus braços, saí com ele desesperada correndo até o portão da área de casa. Uma dor terrível, parece que o chão desabou. O mundo para mim acabou. Agora só quero que isso não fique impune”, disse na época.

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O menino foi socorrido, mas não resistiu. No início, o caso foi tratado como acidente. No entanto, a investigação revelou que se tratava de um crime motivado por vingança.

Briga familiar e assassinato

A Polícia Civil concluiu que Miguel Tyler Pereira Gualberto foi morto pelo próprio primo, um jovem de 26 anos. Segundo a investigação, ele teria provocado a morte da criança para se vingar do pai do bebê, com quem teve uma briga semanas antes.

“Esse jovem levou uma surra do tio, que era o pai do bebê, semanas antes de a criança se afogar. Durante a reprodução simulada, nós constatamos que ele foi o último adulto a ver a criança com vida e praticou o crime para se vingar do tio”, explicou o delegado Humberto Soares ao g1.

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O suspeito esteve na casa da família pouco depois da prisão de Jonas Pereira para buscar uma moto a pedido de parentes. Ele ficou sozinho com as crianças e, antes de sair, deixou o bebê próximo à piscina.

O delegado afirmou que, durante o interrogatório, o jovem apresentou versões contraditórias. Na última explicação, disse que colocou Miguel no corredor que dava acesso à piscina, mas negou tê-lo jogado na água.

“Esse bebê tinha algumas deficiências na coordenação motora, o que o impedia de chegar sozinho até a piscina, subir os degraus que estavam na borda e pular na água. Com isso, concluímos que esse jovem ou jogou a criança, na pior hipótese, ou a colocou em perigo e não impediu que o pior acontecesse”, disse o delegado.

Leia também: Mãe é presa após vender bebê para outra mulher em operação policial no Espírito Santo

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