No Brasil, o acesso ao aborto legal é garantido em circunstâncias específicas, porém, mesmo dentro dessas diretrizes, muitas mulheres enfrentam obstáculos para realizar o processo. Um desses casos é o de Maria Clara (nome fictício), que após ser vítima de estupro, teve o aborto legal negado por três hospitais na capital paulista e só conseguiu realizar o procedimento com ajuda da Defensoria Pública de São Paulo em outro estado. As informações são da GloboNews.
Maria Clara descobriu a gravidez somente na 24ª semana e, ao buscar atendimento, foi confrontada com uma negativa após outra. As unidades de saúde por onde passou não estavam preparadas para realizar o procedimento devido ao avanço da gestação, apesar de estar dentro das situações previstas por lei.
Na peregrinação para conseguir o aborto legal, Maria Clara conta que recebeu o pior atendimento no Hospital Municipal Tide Setubal, onde ela foi obrigada a ouvir os batimentos cardíacos do feto. “Como o atendimento estava agendado, achei que eu ia chegar e iam estar me esperando. O atendimento foi péssimo, tive que falar perto de pessoas e o pior de tudo foi precisar ouvir o coração do feto. Eu pedi para ele [profissional de saúde] parar e tirar, levantei e saí da sala”, contou ao g1.
O que dizem os especialistas sobre o aborto em estágios avançados?
Segundo especialistas ouvidos pela GloboNews, a estrutura atual de atendimento às mulheres que procuram aborto legal não é apenas insuficiente, mas muitas vezes ineficaz. A resolução do Conselho Federal de Medicina de proibir a assistolia fetal acima de 22 semanas restringe ainda mais o acesso ao procedimento, contradizendo diretrizes globais de saúde como as da OMS.
Um novo projeto de lei está em tramitação e pretende restringir ainda mais o direito ao aborto legal, considerando-o equivalente a homicídio simples após 22 semanas, mesmo em casos de estupro.
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