Idade do Bronze Inicial

Arqueólogos encontram ossos na Inglaterra que revelam passado de canibalismo

Em Charterhouse Warren, Somerset, arqueólogos desenterraram mais de 3.000 ossos humanos esquartejados, datando de 2210 a 2010 a.C
Em Charterhouse Warren, Somerset, arqueólogos desenterraram mais de 3.000 ossos humanos esquartejados, datando de 2210 a 2010 a.C – Crédito: Reprodução / Schulting et al. 2024

No sudoeste da Inglaterra, um poço profundo revelou um cenário macabro da pré-história britânica. Em Charterhouse Warren, Somerset, arqueólogos desenterraram mais de 3.000 ossos humanos esquartejados, datando de 2210 a 2010 a.C. Este achado, que inclui restos de pelo menos 37 indivíduos, oferece um vislumbre perturbador de violência e canibalismo durante a Idade do Bronze Inicial, um período até então considerado pacífico na Grã-Bretanha.

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A análise dos ossos sugere que as vítimas, incluindo homens, mulheres e crianças, foram brutalmente assassinadas e desmembradas. Os restos foram então jogados em um poço natural de 15 metros de profundidade, associado a um sistema de cavernas. Este evento representa o maior exemplo de violência interpessoal registrado na Grã-Bretanha durante este período, desafiando a percepção de um passado harmonioso.

O que os ossos revelam sobre a violência na Idade do Bronze?

Os ossos encontrados em Charterhouse Warren são uma evidência direta e rara de violência extrema. A maioria dos esqueletos datados de 2500 a 1500 a.C. na Grã-Bretanha não apresenta sinais de brutalidade, tornando este achado ainda mais significativo. No estudo publicado na revista Antiquity, Rick Schulting, professor de arqueologia da Universidade de Oxford, as lesões encontradas nos esqueletos de Charterhouse Warren são mais severas do que aquelas observadas em restos do período Neolítico.

Os crânios exibem traumas contundentes fatais, enquanto marcas de corte nos ossos indicam que as vítimas foram desmembradas com ferramentas de pedra. Além disso, há evidências de que as cabeças, braços, pés e pernas foram removidos, e que algumas partes do corpo foram canibalizadas. A presença de fraturas por esmagamento nos ossos das mãos e pés sugere que foram mordidos por humanos, e não por animais.

Por que este ato de violência ocorreu?

Determinar a motivação exata por trás deste massacre é desafiador, especialmente em um período sem registros escritos. No entanto, os pesquisadores acreditam que o tratamento extremo dos restos mortais pode ter sido uma forma de desumanizar as vítimas, possivelmente como vingança por uma ofensa grave. A análise dos ossos indica que quase todas as vítimas eram locais, sugerindo que os atacantes invadiram a comunidade para realizar seus atos brutais.

Os estudiosos consideram que o canibalismo pode ter sido uma maneira de diferenciar as vítimas, comparando-as a animais. A mistura de ossos humanos com ossos de gado no poço apoia essa teoria. Além disso, a presença de peste em algumas das crianças sugere que o medo de doenças pode ter contribuído para a violência.

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