O poliestireno, amplamente conhecido como isopor, é um material plástico valorizado por sua durabilidade e resistência, tornando-o escolhido para uma variedade de aplicações, de embalagens a produtos industriais. Entretanto, esses mesmos atributos dificultam seu descarte, uma vez que os métodos tradicionais de reciclagem são frequentemente caros e podem gerar poluentes. Diante desse desafio, abordagens biológicas começam a ganhar atenção como alternativas promissoras, como a possibilidade do uso de insetos.
Recentemente, uma equipe de cientistas do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos tem explorado o uso das larvas-da-farinha na degradação do poliestireno. Essas larvas, encontradas no Quênia, mostraram-se capazes de mastigar e decompor o plástico com a ajuda de bactérias em seus sistemas digestivos, oferecendo uma nova perspectiva ecológica para a gestão de resíduos plásticos.
Como as Larvas-da-Farinha degradam o plástico?
As larvas-da-farinha são larvas do besouro escuro Alphitobius. Em experimentos, as larvas foram alimentadas com diferentes dietas para observar seu impacto na decomposição do poliestireno. Os resultados indicaram que aquelas alimentadas com uma mistura de poliestireno e farelo sobreviveram melhor e foram mais eficientes na degradação do plástico do que aquelas que consumiram apenas poliestireno. Este estudo sublinha a importância de uma dieta balanceada para maximizar a eficiência das larvas na quebra do material plástico.
Além disso, esse processo de decomposição parece depender crucialmente das bactérias presentes nos intestinos das larvas. O estudo identificou um aumento no nível de certas bactérias, como Proteobacteria e Firmicutes, em larvas alimentadas com poliestireno. Estas bactérias são conhecidas por decompor substâncias complexas, sugerindo que elas são fundamentais para a capacidade das larvas de digerir o plástico.
Un equipo de científicos ha identificado en Kenia un insecto nativo de África con la capacidad de degradar plástico, específicamente las larvas del menor gorgojo (Alphitobius diaperinus), conocidas como menor mealworm, que pueden descomponer poliestireno… https://t.co/pmPcQqRpEp
— Colglobalnews.com (@ColglobalNews) November 13, 2024
A utilização de larvas-da-farinha para a gestão de resíduos de poliestireno poderia trazer inúmeros benefícios ambientais. Em vez de depender de métodos de descarte que geram resíduos e requerem alta energia, este método biológico apresenta uma solução potencialmente mais sustentável e de baixo impacto ambiental. Além de reduzir a quantidade de plástico em aterros sanitários, os microrganismos responsáveis pela degradação podem ser isolados e aplicados em larga escala para facilitar a quebra do material plástico.
Próximos passos da pesquisa
Os próximos passos desta pesquisa envolvem a identificação e isolamento específico das cepas bacterianas envolvidas no processo de degradação. Isso permitiria a produção eficiente das enzimas em larga escala, aplicáveis em diversos cenários de gerenciamento de resíduos plásticos. Além disso, há potencial para explorar outros tipos de plásticos, ampliando o escopo e a aplicabilidade dessa biotecnologia.
A capacidade única das larvas-da-farinha de consumir e degradar poliestireno destaca sua importância potencial em estratégias inovadoras de redução de resíduos em locais que enfrentam desafios com métodos de reciclagem convencionais. Com a continuação do estudo do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Inseto e integração de suas descobertas, esta solução pode vir a ser uma peça chave na luta contra a poluição plástica.