
Recentemente, cientistas descobriram que o núcleo interno da Terra, uma esfera sólida de metal aquecido, apresentou mudanças em sua rotação e forma. Anteriormente, acreditava-se que este núcleo girasse mais rapidamente que o restante do planeta. No entanto, novas evidências apontam que, desde 2010, ele diminuiu sua velocidade de rotação e passou a girar na direção oposta ao restante da Terra.
Esta revelação foi possibilitada através do estudo de ondas sísmicas geradas por terremotos que atravessaram o núcleo. Os pesquisadores usaram dados sísmicos coletados entre 1991 e 2023 para chegar a essas conclusões. Este estudo publicado na Nature Geoscience aborda não apenas as alterações rotacionais do núcleo, mas também mudanças no seu formato, lançando nova luz sobre o funcionamento interno do planeta.
Como os terremotos revelam os segredos do núcleo interno?
Os sismólogos utilizam as ondas geradas por terremotos para entender a estrutura interna da Terra. Entre essas ondas, as primárias ou ondas P são cruciais para esse tipo de estudo. Elas se movem na mesma direção do movimento sísmico, enquanto ondas de cisalhamento, ou S, movem-se perpendicularmente, mas são mais lentas.
O novo estudo destaca que alterações na amplitude das ondas P que penetram o núcleo — conhecidas como ondas PKIKP — indicam possíveis deformações na superfície do núcleo interno. Essa deformação pode oferecer pistas sobre a dinâmica do núcleo externo líquido que envolve essa esfera sólida, impactando diretamente na geração e manutenção do campo magnético terrestre.
Quais as implicações das mudanças na forma do núcleo interno?
As mudanças de forma no núcleo interno da Terra podem ter implicações significativas. Elas são fundamentais para entender as forças internas que influenciam a magnetosfera, a camada invisível de energia magnética que protege o nosso planeta. O estudo das deformações fornece insights sobre as forças que agem profundamente na Terra, revelando dinâmicas que ocorrem em escalas de tempo geológicas, mas observadas em períodos bem mais curtos.
Além disso, estas modificações contribuem para aprimorar o conhecimento sobre quanto o núcleo sólido interage com o núcleo líquido e como isso afeta a produção de energia magnética que resguarda a Terra da radiação espacial.
Como o isso afeta a Terra a longo prazo?
A longo prazo, o crescimento do núcleo interno sólido à custa do externo líquido representa uma evolução contínua e significativa do nosso planeta. Esses processos ajudam a gerar o campo magnético protetor da Terra. Compreender como essa interação ocorre é essencial para prever o que pode acontecer com a Terra em milhões ou bilhões de anos.
Durante bilhões de anos, o núcleo interno continuará a se solidificar, eventualmente transformando-se inteiramente em uma sola esfera metálica. Contudo, isso está tão distante no tempo que outras mudanças cósmicas, como a expansão do sol para uma gigante vermelha, provavelmente afetarão a Terra antes.
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