O governo brasileiro exigiu que o Carrefour faça uma retratação formal das declarações do CEO global da companhia, Alexandre Bompard, a respeito da carne dos países do Mercosul, incluindo o Brasil. Em um comunicado para produtores franceses, anunciou que a empresa irá parar de comprar a carne da região e questionou a qualidade do produto.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, afirmou nesta segunda-feira (25), que se sente “feliz” com a reação de frigoríficos em suspender o fornecimento de carne ao grupo no Brasil. “O movimento de prestigiar os produtores franceses é legítimo. O problema é quando ele fala em não cumprimento de regras sanitárias. Aí não aceitamos. Eles compram a carne brasileira há 40 anos”, disse em entrevista ao g1.
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Diante dos comentários, produtores brasileiros decidiram parar de fornecer carne ao Carrefour. Para o Ministério da Agricultura, o Itamaraty e o Palácio do Planalto, o boicote foi necessário. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, ficou preocupado com o impacto que declarações deste tipo podem ter sobre a reputação de suas exportações. A intenção é evitar um efeito dominó, onde outras nações ou entidades comerciais pudessem questionar a qualidade e segurança da carne brasileira e de seus vizinhos sul-americanos.
A postura parece ter começado a surtir efeito. Em nota, o Carrefour Brasil escreveu que “lamenta profundamente a atual situação” e reafirma sua “estima e confiança no setor agropecuário brasileiro. “Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade”.
Repercussões diplomáticas ao Carrefour
A questão não deve, segundo análise do Itamaraty, evoluir para uma crise diplomática de vulto. A esperança é que, com a mediação da Embaixada da França no Brasil, o Carrefour possa reconsiderar suas declarações. Uma reunião está sendo articulada entre representantes brasileiros e da empresa com o objetivo de encontrar uma solução conciliatória.
No meio da confusão, a embaixada brasileira em Paris também se manifestou, condenando a divulgação de informações infundadas sobre a carne brasileira. “A referida comunicação reflete entendimento e temores infundados sobre a sustentabilidade e a qualidade dos produtos ofertados pela agropecuária brasileira, os quais não se coadunam com a prática de negócios do próprio Carrefour que, diariamente, oferece esses mesmos produtos a seus mais de 2 milhões de consumidores brasileiros”, diz um trecho do texto.
O papel do Mercosul
O pano de fundo desta disputa é, inevitavelmente, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Existe resistência por parte dos agricultores franceses a este acordo, alegando preocupações quanto à competição desleal e padrões sanitários. Essa oposição, entretanto, não é respaldada por dados concretos, já que apenas uma pequena porcentagem da carne consumida na Europa vem do Mercosul.
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