Recentemente, um estudo revelou que pessoas expostas a altos níveis de poluição atmosférica por partículas finas (PM2,5) na infância sofrem impactos e apresentaram menores ganhos econômicos na idade adulta. Esses resultados foram publicados na revista científica The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Harvard TH Chan School of Public Health, Harvard John A. Paulson School of Engineering and Applied Sciences, e European University of Rome.
O estudo é pioneiro ao investigar a relação entre exposição ao PM2,5 e oportunidades econômicas, utilizando dados detalhados de setores censitários e técnicas avançadas para ajustar fatores socioeconômicos e demográficos. Analisando dados de 86% dos setores censitários dos EUA, os pesquisadores focaram em pessoas nascidas entre 1978 e 1983, observando seus ganhos econômicos em 2014 e 2015, quando tinham entre 31 e 37 anos.
Para medir a mobilidade econômica, os cientistas usaram uma estatística chamada mobilidade ascendente absoluta (AUM), que é a classificação média de renda na idade adulta de crianças nascidas em famílias no 25º percentil da distribuição de renda nacional. Os resultados mostraram que quanto maior a exposição ao PM2,5 na infância, menores os ganhos econômicos na vida adulta.
Um aumento de um micrograma por metro cúbico (μg/m3) de PM2,5 em 1982 foi associado a uma redução de 1,146% na AUM em 2015. O estudo também revelou que os impactos foram desproporcionais em regiões específicas, como o Centro-Oeste e o Sul dos Estados Unidos.
Regiões mais afetadas pela poluição
Os dados indicam que a poluição do ar teve um impacto mais severo em determinadas regiões do país, especialmente no Centro-Oeste e no Sul. Nessas áreas, a correlação entre exposição ao PM2,5 e menores ganhos econômicos foi mais acentuada. Segundo os pesquisadores, isso destaca a necessidade de abordagens regionais específicas para mitigar a poluição e solucionar desigualdades econômicas locais.
Recomendações para melhorar a qualidade do ar
Os autores do estudo, incluindo Luca Merlo, pesquisador da Universidade Europeia de Roma, enfatizam a urgência de estabelecer padrões rigorosos de qualidade do ar a nível nacional. Além disso, recomendam intervenções locais para atenuar a poluição e políticas integradas que abordem tanto questões ambientais quanto econômicas.
Algumas recomendações importantes incluem:
- Implementação de regulamentos mais rigorosos para controlar as emissões de poluentes.
- Adaptação de intervenções locais para atender às necessidades específicas de cada região.
- Promoção de políticas que abordem desigualdades socioeconômicas e ambientais.
Como a poluição afeta o futuro econômico das crianças?
A pesquisa mostrou que a exposição à poluição durante a infância pode comprometer gravemente o futuro econômico dos indivíduos. Crianças que crescem em áreas altamente poluídas têm menos chances de alcançar uma mobilidade econômica significativa. Isso não só afeta o desenvolvimento individual, mas também perpetua um ciclo de pobreza e desigualdade.
Medidas adicionais sugeridas incluem:
- Monitoramento contínuo da qualidade do ar.
- Educação e conscientização sobre os efeitos da poluição.
- Investimento em tecnologias mais limpas e sustentabilidade.