O Brasil enfrenta um período caracterizado por um aumento significativo na criação de empregos, aliado a uma elevação no número de demissões voluntárias. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), até outubro de 2024, foram gerados mais de 2,1 milhões de novos postos de trabalho. Contudo, o fenômeno da demissão a pedido chegou a 7,2 milhões de trabalhadores, representando 36,6% do total de desligamentos. Este aumento de 17% em relação ao mesmo período de 2023 oferece pistas sobre as dinâmicas atuais do mercado laboral.
Janaína Feijó, especialista do FGV Ibre, considera ao Extra que o crescimento nas demissões a pedido pode indicar um movimento em direção ao pleno emprego, conceito que denota baixas taxas de desemprego sem gerar pressão inflacionária. O aquecimento econômico e a consequente alta na demanda por profissionais têm incentivado muitos trabalhadores a buscar novas oportunidades, contribuindo para esse cenário dinâmico e desafiador.
Razões para as demissões a pedido
Embora uma parcela significativa dos trabalhadores solicite demissão em busca de empregos melhores, outras razões também impulsionam essa decisão. Entre elas, destaca-se a busca por maior flexibilidade e a crescente atração por iniciativas empreendedoras, especialmente entre os jovens. A demanda por horários adaptáveis e pela liberdade de gerir sua própria rotina figura entre os principais motivadores.
Exemplificando esse movimento, há casos como o de Jonathan Guimarães, que, aos 21 anos, deixou seu emprego como vendedor para abrir sua própria empresa no ramo de marketing de influência. Essa escolha proporcionou-lhe a autonomia desejada, permitindo-lhe controlar sua rotina de forma independente e criativa.
Na hora de considerar um pedido de demissão, especialistas recomendam um planejamento cuidadoso. É crucial manter um bom relacionamento com a empresa atual e fazer uma avaliação honesta dos prós e contras de mudar de emprego. Comunicando claramente suas expectativas aos superiores, o trabalhador pode até encontrar soluções que evitem a demissão.
Fernando De Vincenzo, da Cornerstone Career Services, reforça ao Extra a importância de preservar o networking ao deixar um emprego. Além disso, é vital planejar a transição profissional, incluindo pesquisar sobre a nova empresa e, se necessário, buscar atualização profissional para setores em crescimento.
Quais os tipos de demissão?
O processo de demissão apresenta variações que impactam diretamente nos direitos e deveres do trabalhador. Abaixo estão os principais tipos:
- Pedido de Demissão: Iniciativa do empregado para encerrar o contrato. O trabalhador não tem direito à multa de 40% do FGTS ou ao saque do saldo, nem ao seguro-desemprego. Cumprir ou negociar o aviso prévio é uma prática comum.
- Demissão sem Justa Causa: Efetuada pelo empregador, garante diversos direitos ao trabalhador, como aviso prévio, saldo de salário, e multa de 40% sobre o FGTS, além do seguro-desemprego.
- Demissão por Justa Causa: Resultante de falta grave, reduz significativamente os direitos do trabalhador, limitando-se a apenas saldo de salário e férias vencidas.
- Acordo Mútuo: Previsto pela Reforma Trabalhista de 2017, possibilita um consenso entre as partes, com direitos como saque parcial do FGTS e metade do aviso prévio indenizado.
Esses diferentes mecanismos de desligamento refletem as complexidades legais envolvidas na saída de um emprego, sendo crucial uma compreensão clara das condições contratuais e dos direitos trabalhistas.
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