A prática de anunciar vagas de emprego inexistentes tem se intensificado e, segundo especialistas, causa frustração para candidatos que já enfrentam a difícil tarefa de buscar recolocação no mercado. Conhecidas como “vagas fantasmas”, essas oportunidades são divulgadas por empresas que, na maioria dos casos, não têm planos de contratar no curto prazo. Em vez disso, utilizam as vagas como estratégia para manter um banco de talentos ou mesmo para passar uma imagem de expansão.
Estudo realizado em 2022 pela Clarify Capital, com mais de mil empresas, aponta que as razões para publicar essas vagas variam. Além de aparentar crescimento, algumas empresas buscam aliviar a pressão sobre suas equipes, insinuando que novas contratações estão próximas. Outras exploram o trabalho gratuito dos candidatos, solicitando “testes práticos” que, na realidade, servem para resolver problemas internos da empresa, garantindo ideias e materiais de alta qualidade sem nenhuma contrapartida.
Efeitos na confiança dos candidatos e na credibilidade das empresas
Para profissionais que buscam retornar ao mercado, essas vagas fictícias podem gerar ansiedade e sentimentos de insegurança, explica a especialista em carreiras Adriana Rodrigues Gomes ao g1. Segundo ela, empresas que utilizam essa prática, além de desrespeitar o tempo e esforço dos candidatos, colocam em risco sua própria imagem ao reabrirem vagas sem justificativa aparente.
Damares Maris, desenvolvedora de sistemas, relata ao g1 já ter enfrentado situações como essa diversas vezes, o que afetou sua confiança e aumentou a ansiedade. “É uma ansiedade tão grande que a gente chega a chorar (…) tava dependendo da ajuda do meu namorado. Era aos trancos e barrancos”, desabafa. O impacto sobre candidatos como Damares evidencia o caráter abusivo dessas estratégias.
Plataformas de recrutamento, como Gupy e LinkedIn, já possuem canais para denúncias de vagas suspeitas, onde equipes investigam e monitoram a conduta das empresas. Guilherme Dias, fundador da Gupy, afirma ao g1 que a empresa mantém uma equipe voltada a verificar as reclamações e contatar as empresas, quando necessário.
Como identificar e evitar as vagas fantasmas
Para não cair em armadilhas, candidatos devem observar algumas características comuns das vagas fantasmas. A especialista Adriana Gomes recomenda:
- Data de publicação: Vagas abertas há seis meses ou mais, sem justificativa, podem ser motivo de desconfiança. Empresas sérias geralmente preenchem as posições com maior rapidez.
- Ofertas muito acima do mercado: Salários elevados para cargos comuns são sinal de alerta. Remunerações fora do padrão podem indicar que a vaga é isca para atrair candidatos.
- Reputação da empresa: Pesquisar sobre a empresa em plataformas como Reclame Aqui, verificar o CNPJ e avaliar o site ajuda a confirmar sua credibilidade.
- Processos seletivos extensos: Cuidado com empresas que exigem trabalhos completos em “testes práticos”. Isso pode indicar que a empresa está em busca de ideias ou soluções gratuitas. Como alternativa, forneça uma visão geral do projeto, sem entrar em detalhes específicos.
A especialista lembra que empresas de recrutamento confiáveis não cobram taxas dos candidatos; esses custos são arcados pela empresa contratante. Se houver solicitação de pagamento em qualquer fase do processo, o candidato deve suspeitar da idoneidade da vaga.
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