27 de setembro

Qual é a origem do dia de Cosme e Damião? Entenda

O Dia de Cosme e Damião transcende a distribuição de bolos, balas, pirulitos e outras guloseimas, sendo uma data repleta de simbolismo

– Crédito: Canva Fotos

Popularmente celebrado em 27 de setembro, Religião, Cosme e Damião, Ibejis, Candomblé, Umbanda, Sincretismo Religioso, Cultura Afro-Brasileira. O Dia de Cosme e Damião transcende a distribuição de bolos, balas, pirulitos e outras guloseimas, sendo uma data repleta de simbolismo. A comemoração é significativa não apenas para os católicos, mas também para os adeptos das religiões de matriz afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda.

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Cosme e Damião ou Ibejis: duas tradições, um significado

Para as tradições afro-brasileiras, Cosme e Damião são sincretizados com os Orixás Ibejis, representações da dualidade e da pureza das crianças. A celebração dessa data reforça a importância de cuidar e proteger os pequenos, tanto física quanto espiritualmente, com rituais que honram os princípios de alegria, união e equilíbrio.

Sidnei Nogueira, babalorixá, escritor, mestre, doutor, palestrante e sacerdote na Comunidade da Compreensão e da Restauração Ilè Asè Sàngó, conta à CNN que Cosme e Damião foram irmãos gêmeos que ficaram famosos por serem “médicos” que não cobravam pelos seus serviços de atendimento e de cura aos doentes. No século IV, durante as perseguições aos cristãos sob o governo do imperador Diocleciano, os irmãos foram presos e acusados de praticar feitiçaria. No ano de 303, foram executados. Nos tempos atuais, são considerados padroeiros dos médicos, dos farmacêuticos e das faculdades de medicina.

Qual a importância do sincretismo religioso?

Nogueira explica que o sincretismo religioso, aspecto marcante da cultura religiosa no Brasil, foi uma tática de sobrevivência utilizada pelos escravizados no país. Proibidos de praticar suas crenças e fé de forma aberta e livre, muitos disfarçaram suas divindades sob a imagem dos santos católicos. Este sincretismo permitiu que as religiões afro-brasileiras sobrevivessem à repressão e criassem novas formas de espiritualidade, capazes de acolher diferentes visões do divino. A festa de Cosme e Damião na Umbanda e no Candomblé é um dos exemplos mais vivos desse encontro, onde o passado colonial e a resistência cultural se transformaram em um novo legado espiritual.

Sidnei Nogueira acrescenta que, atualmente, não enxerga mais o sincretismo como uma necessidade, mas valoriza o poder do vínculo que segue estabelecido até os tempos atuais. “Historicamente, a associação está feita e não quer dizer que ambos tenham a mesma origem e significado, mas sempre há elementos que os conectam, como Santa Bárbara à Yansã, Ibejis a Cosme e Damião, Ogum a São Jorge (em algumas regiões do Brasil) e São Lázaro a Obaluaê“, explica.

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Rituais e Oferendas de Cosme e Damião

Nogueira esclarece que, para os candomblecistas, a principal oferenda de agradecimento aos Orixás Ibejis seria a nossa alegria e doçura. “Nós acreditamos que quando você oferece alguma coisa para Ibejis, você também está agradando Cosme e Damião. Este hibridismo não é um problema, até porque estamos no campo da devoção, não é mesmo?”, conta.

Além disso, o Caruru é um prato tradicional da culinária afro-brasileira, que tem um papel central nas celebrações de Cosme e Damião na Umbanda e no Candomblé. Inclusive, a iguaria foi reconhecida como patrimônio imaterial do estado da Bahia. A resolução ocorreu no dia 19 de setembro, em sessão plenária presidida pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC).

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