A série “The New Look”, da Apple TV+, leva os espectadores para a França durante a Segunda Guerra Mundial, destacando figuras icônicas da moda como Christian Dior, Coco Chanel e outros luminares do design. Apesar do enredo ser inspirado em eventos reais, o showrunner Todd A. Kessler introduziu algumas liberdades criativas na narrativa. Este artigo explora os eventos históricos retratados nos três primeiros episódios da série, esclarecendo o que é fato e o que é ficção na trama.
A série destaca a vida e a carreira de Christian Dior, mostrando tanto suas superstições quanto suas conexões pessoais durante o período turbulento do conflito mundial. Em paralelo, surge a figura de Coco Chanel, cuja história de associação com o movimento nazista ainda gera controvérsias. Exploraremos a veracidade histórica dos eventos apresentados na série, incluindo as relações entre Dior, Chanel e outros ícones da moda.
Christian Dior e Suas Superstições: Mito ou Realidade?
Christian Dior é retratado na série como alguém profundamente supersticioso, um traço que realmente acompanhou o estilista ao longo de sua vida. Famoso por consultar videntes e ter uma obsessão com números, Dior foi influenciado por Madame Delahaye, uma renomada vidente parisiense. Relatos indicam que ele acreditava fervorosamente nas previsões dela, tomando suas decisões com base nos conselhos místicos recebidos.
O estilista tinha uma predileção pelo número oito, fator que influenciou não somente seu trabalho, mas também sua vida pessoal, como a escolha do local para sua primeira maison em Paris. Sua crença nos poderes sobrenaturais moldou algumas de suas decisões mais importantes, refletindo como às vezes a superstição pode interagir com a vida cotidiana e profissional.
A Irmã de Dior e o Papel na Resistência Francesa
A série também coloca em foco Catherine Dior, irmã de Christian, que participou ativamente da resistência francesa durante a ocupação nazista. Catherine foi capturada pela Gestapo por suas atividades no movimento, mas conseguiu sobreviver aos horrores dos campos de concentração alemães. Após a guerra, ela foi honrada com diversas condecorações por sua coragem e perseverança.
O relato de Catherine em “The New Look” reflete com exatidão sua bravura, embora a realidade de seu envolvimento na resistência tenha ocorrido em distintas circunstâncias temporais se comparadas à narrativa do seriado. Depois da guerra, Catherine viveu uma vida pacífica, dedicando-se à preservação do legado de seu irmão Christian e à sua paixão como florista.
Coco Chanel: Aliada aos Nazistas?
A história de Coco Chanel durante a Segunda Guerra Mundial continua a suscitar debates. Na série, Chanel é mostrada como uma colaboradora dos nazistas, uma relação que, segundo historiadores, pode ter se iniciado antes do que a série sugere. O envolvimento de Chanel com Hans Günter Von Dincklage, um agente alemão, com quem tinha um romance, é retratado na série como uma aliança de conveniência mais do que de convicção.
A colaboração de Chanel com o regime nazista tinha interesses pessoais, como retomar o controle total de sua famosa fragrância, Chanel Nº 5, então parte de uma sociedade com os irmãos Wertheimer. Documentos históricos reforçam que Chanel de fato agiu como agente da Abwehr, a inteligência militar alemã, adotando o codinome “Westminster”. Essa parte controversa de sua trajetória continua a levantar questões éticas sobre a marca nos dias atuais.
Amizade e Rivalidade na Moda Francesa
No cerne da moda francesa da época, estão as relações entre Dior, Pierre Balmain e Cristóbal Balenciaga, que, na série, são mostrados como amigos e colaboradores. Dior e Balmain trabalharam juntos sob a tutela de Lucien Lelong, e sua parceria foi fundamental na sobrevivência da moda parisiense durante a ocupação alemã.
Entretanto, a rivalidade é outra força motriz na história da moda, manifestando-se na interação entre Coco Chanel e Christian Dior. A estreia de Dior no mundo da moda em 1947 com coleções glamorosas contrastava com o estilo pragmático de Chanel, gerando críticas ácidas por parte da estilista. A competição entre os dois marcou o renascimento da alta-costura pós-guerra, configurando um período de inovação e confronto criativo.
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