O recente anúncio de um toque de recolher de 24 horas por forças rebeldes posicionadas em Aleppo, que se iniciou às 17h de sábado, 31, no horário local, reflete a complexidade e a volatilidade do conflito na Síria. Este movimento busca salvaguardar “a segurança dos residentes da cidade e proteger propriedades contra danos”, conforme declarado pelo Comando de Operações Militares rebelde. Em um cenário já tumultuado, confrontos adicionais ocorreram entre a aliança rebelde e combatentes curdos, intensificando as tensões na região.
O cenário em Aleppo é ainda mais complicado devido às hostilidades entre a coalizão rebelde e grupos curdos que controlam áreas na província norte. Estes desenvolvimentos não só aumentam a instabilidade na região como também destacam a fragmentação das várias facções envolvidas no conflito sírio. Enquanto isso, o Governo Sírio comunicou que uma ofensiva dos rebeldes resultou na morte de dezenas de soldados, acrescentando mais uma camada de complexidade ao cenário já devastador.
Qual é a origem do conflito sírio?
A guerra civil síria teve início em 2011 como parte da Primavera Árabe, quando manifestações pró-democracia foram violentamente reprimidas pelo governo de Bashar al-Assad. Este evento desencadeou a formação do Exército Sírio Livre, um grupo rebelde criado para enfrentar as forças estatais. Com o passar do tempo, a crise se intensificou e se transformou em um conflito armado em larga escala, envolvendo diversos atores regionais e internacionais.
O surgimento do Estado Islâmico agravou ainda mais a situação, já que o grupo terrorista conseguiu tomar controle de uma grande parte do território sírio. Enquanto isso, potências internacionais, como os Estados Unidos e a Rússia, juntaram-se ao conflito, cada uma apoiando lados opostos, levando a um fenômeno conhecido como “guerra por procuração”.
🇸🇾 While the Syrian army stabilizes the situation in northern Hama, the militants continue their march south of Aleppo. #SyrianRebels #SyrianArmy #Syrian_revolution #Syrian #syria #SyrianArabArmy #Syrian_army #syrianwar #Russia #Turkish pic.twitter.com/GI9NxiAWHO
— War Analysis (@iiamguri9) December 1, 2024
Influência das potências mundiais na guerra em Aleppo
A entrada de grandes potências mundiais no conflito sírio transformou a guerra em uma batalha de interesses globais e regionais. A Rússia, por exemplo, se juntou ao governo de Assad para combater tanto os rebeldes quanto o Estado Islâmico, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional focando principalmente na erradicação do grupo terrorista. Este envolvimento internacional tornou o conflito ainda mais complexo, exacerbando sua duração e severidade.
Com o tempo, a intensificação dos combates resultou não apenas na destruição massiva de cidades inteiras, mas também em enormes crises humanitárias, com milhões de refugiados sírios espalhados por todo o mundo. Esse profundo envolvimento internacional resultou em sucessivas tentativas de cessar-fogo e negociações de paz, embora nenhuma tenha sido completamente eficaz.
Desde um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito sírio permaneceu em grande parte adormecido, mas as tensões continuam dificultando a recuperação plena do país. Pequenas escaramuças entre o regime de Assad e grupos rebeldes ainda ocorrem, mostrando que a paz definitiva ainda está distante. Mais de uma década de guerra resultou em mais de 300 mil civis mortos e milhões deslocados, segundo a ONU.