As declarações do presidente Donald Trump sobre assumir o controle da Faixa de Gaza e deslocar os palestinos foram recebidas com forte oposição internacional. Países do Oriente Médio, Europa e organismos multilaterais, como a ONU, rejeitaram a proposta. A fala foi classificada como “muito surpreendente” pela ONU, “racista” pelo Hamas, “sem sentido” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e “inaceitável” pela Turquia.
Como o mundo reagiu à proposta de Trump?
A ONU expressou preocupação com a ideia. “É algo muito surpreendente e ainda precisamos ver concretamente o que isso significa“, disse Filippo Grandi, chefe da Agência da ONU para Refugiados. O Escritório de Direitos Humanos da organização declarou que “qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é estritamente proibida“.
A França reafirmou sua posição contra a remoção da população palestina. “A França reitera sua oposição a qualquer deslocamento forçado da população palestina de Gaza, o que constituiria uma grave violação do direito internacional, um ataque às legítimas aspirações dos palestinos, além de um grande obstáculo à solução de dois Estados e um fator de desestabilização significativo para nossos parceiros próximos, Egito e Jordânia, assim como para toda a região“, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Christophe Lemoine.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou que “isso também levaria a novos sofrimentos e a um novo ódio. Não pode haver uma solução acima das cabeças dos palestinos“. Já o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, reforçou: “Quero ser muito claro sobre isso: Gaza é a terra dos palestinos de Gaza, e eles devem permanecer em Gaza. Gaza faz parte do futuro Estado palestino que a Espanha apoia e deve coexistir garantindo a prosperidade e a segurança do Estado de Israel“.
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A Arábia Saudita também rejeitou a proposta. “A Arábia Saudita rejeita qualquer tentativa de deslocar os palestinos de sua terra. O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, afirmou a posição do reino de maneira ‘clara e explícita’, que não permite qualquer interpretação sob nenhuma circunstância“, declarou o Ministério das Relações Exteriores saudita.
O governo turco também criticou a fala de Trump. Hakan Fidan, ministro das Relações Exteriores da Turquia, afirmou que os comentários de Trump são “inaceitáveis”
Reações no Brasil e nos EUA
No Brasil, Lula classificou a declaração de Trump como sem fundamento. “Não faz sentido“, disse o presidente. “Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos“.
Nos Estados Unidos, as críticas vieram de dentro do próprio Congresso. A deputada democrata Rashida Tlaib, de origem palestina, afirmou: “Os palestinos não vão a lugar nenhum. Este presidente só pode despejar essa baboseira fanática por causa do apoio bipartidário no Congresso ao financiamento do genocídio e da limpeza étnica. Está na hora de meus colegas que defendem a solução de dois Estados se manifestarem“.
O senador Chris Murphy também se posicionou contra a ideia. “Ele perdeu completamente a noção. Uma invasão dos EUA em Gaza levaria ao massacre de milhares de soldados americanos e a décadas de guerra no Oriente Médio. Parece uma piada de mau gosto e doentia“, afirmou.
Apesar da repercussão negativa, Trump não apresentou detalhes sobre como sua proposta seria implementada.
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