refém de uma máfia

Brasileiro vítima de tráfico humano em Mianmar alertou o pai antes de fugir: ‘Se acontecer algo comigo, saiba que tentei ao máximo’

Antes de fugir do cativeiro, o brasileiro Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, avisou o pai sobre a tentativa de fuga.
Prints mostram conversa de brasileiro vítima de tráfico humano com o pai antes de fugir – Crédito: Arquivo Pessoal

Antes de fugir do cativeiro onde era mantido refém por uma máfia de golpes cibernéticos em Mianmar, no Sudeste Asiático, o brasileiro Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, avisou o pai sobre a tentativa de fuga. No último sábado (8), ele relatou os desafios da travessia e pediu orações para que tudo desse certo.

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Nas mensagens enviadas, Phelipe contou que precisaria cruzar um rio ao lado de outras 85 pessoas e, em seguida, correr por dois quilômetros. Ciente dos riscos, se despediu: “Ora por mim e pede para minha vó, Iorrana e todo mundo orar por nós para que tudo dê certo. São 85 pessoas. Eu só quero que tudo dê certo. Eu te amo, pai. Se acontecer algo comigo, saiba que eu tentei ao máximo“.

Além dele, outro brasileiro, Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, também conseguiu escapar e foi resgatado com a ajuda da ONG internacional The Exodus Road.

Como ocorreu a fuga?

Os dois brasileiros fugiram entre a noite de sábado (8) e a madrugada de domingo (9), acompanhados por centenas de imigrantes. Após a evasão, foram detidos por agentes do Exército Democrático Karen Budista (DKBA), uma força paramilitar que atua na região.

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Depois, foram levados para um centro de detenção em Mianmar, onde aguardam transferência para a Tailândia. A diretora da The Exodus Road, Cíntia Meirelles, explicou que a fuga foi planejada pelos próprios reféns, que conseguiram avisar familiares e ativistas sem que os mafiosos desconfiassem.

A ONG já estava em contato com autoridades tailandesas para a libertação de 361 imigrantes presos em Mianmar, e Phelipe e Luckas foram incluídos na lista. Ao chegarem à Tailândia, permanecerão em um centro de detenção por 15 dias, conforme protocolo legal, antes de serem liberados.

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Família aguarda retorno ao Brasil

O pai de Phelipe, Antônio Carlos Ferreira, contou que o filho conseguiu enviar mensagens por um número desconhecido quando os sequestradores não estavam por perto. “Ele me avisou sobre a fuga e à ONG também. Estávamos só na expectativa e, graças a Deus, o meu filho foi resgatado. Estou muito feliz, muito feliz mesmo”, disse.

A mãe de Luckas, Cleide Viana, afirmou que agora a preocupação é com a regularização dos documentos dos filhos. “Graças a Deus ele foi resgatado. Agora, temos uma outra etapa, porque a gente precisa de ajuda das autoridades para novos passaportes. Eles fugiram e receberam a ajuda da ONG para conseguirem sair de novo da máfia, mas eles não têm passaporte e não podem ficar como ilegais no país”.

O Itamaraty confirmou que acompanhou o caso e celebrou a liberação dos brasileiros. Em nota, o ministério informou que as Embaixadas do Brasil em Mianmar e na Tailândia vinham pressionando as autoridades locais desde outubro do ano passado para a libertação dos reféns.

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O governo brasileiro segue em contato com as famílias e trabalha para viabilizar o retorno dos dois ao Brasil.

Leia também: Os brasileiros aprisionados nas ‘fábricas de golpes’ em Mianmar

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