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Chanceler da China alerta que política de Trump incentiva a “lei da selva”

A política externa adotada pelos EUA pode levar ao colapso das normas internacionais, afirmou o ministro das Relações Exteriores da China.
Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, ouve uma pergunta em uma entrevista coletiva à margem das Duas Sessões em 7 de março de 2025 em Pequim, China – Crédito: Getty Images

A política externa adotada pelos Estados Unidos pode levar ao colapso das normas internacionais, afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, nesta sexta-feira (7). O chanceler respondeu a uma pergunta do jornalista Steven Jiang, da CNN, sobre a abordagem “América Primeiro” do presidente dos EUA, Donald Trump.

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“Existem mais de 190 países no mundo”, disse o diplomata. “Se todos enfatizassem ‘meu país primeiro’ e ficassem obcecados por uma posição de força, a lei da selva reinaria novamente, países menores e mais fracos suportariam o peso primeiro, e as normas e a ordem internacionais sofreriam um duro golpe.”

China se apresenta como alternativa estável?

Wang, um dos mais experientes diplomatas chineses e aliado de confiança do presidente Xi Jinping, fez as declarações durante seu 11º briefing de imprensa, realizado à margem do encontro anual da legislatura chinesa e de seu principal órgão consultivo político.

O evento, cuidadosamente planejado, normalmente serve para a China expor sua visão sobre assuntos globais. Neste ano, porém, ocorre em um momento crítico: a guerra comercial entre Pequim e Washington se intensifica, e Trump promove mudanças drásticas na política externa americana. O cenário deu a Wang uma oportunidade estratégica para apresentar a China como um parceiro confiável e um líder global estável.

Questionado sobre a recente decisão de Trump de dobrar tarifas sobre importações chinesas, Wang reagiu com firmeza. “Nenhum país deve fantasiar que pode suprimir a China por um lado e desenvolver boas relações com a China por outro.” Ele acrescentou que essa abordagem “não só não é propícia à estabilidade das relações bilaterais, mas também é incapaz de estabelecer confiança mútua.”

Para o ministro, grandes potências devem assumir suas responsabilidades no cenário internacional. “Não deve colocar interesses egoístas antes dos princípios, muito menos deve exercer o poder de intimidar os fracos”, disse. Ele reforçou que a China “se opõe resolutamente à política de poder e à hegemonia.”

Desde sua posse em janeiro, Trump tem alterado drasticamente o papel dos EUA no mundo. Seu governo abandonou tratados e organizações internacionais, cortou boa parte da ajuda externa e até ameaçou interferir em territórios soberanos. Além disso, questionou alianças tradicionais e gerou tensões com a Europa ao se aproximar da Rússia – na mesma semana em que suspendeu a ajuda militar à Ucrânia.

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Enquanto os Estados Unidos recuam de compromissos globais, a China busca fortalecer sua influência. Apesar de críticas sobre sua atuação no Mar do Sul da China e a pressão sobre Taiwan, o governo chinês tem usado a política externa de Trump para se posicionar como defensor da ordem internacional.


Leia também: Soldados dos EUA são presos por vender informações confidenciais à China

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