No cenário internacional, poucos tópicos são tão complexos quanto as relações sino-tibetanas. Recentemente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, emitiu uma declaração enfática sobre as condições necessárias para que seja retomado o diálogo entre o governo chinês e o líder espiritual tibetano, o Dalai Lama.
As negociações entre as duas partes encontram-se estagnadas desde 2010, após divergências sobre a autonomia e o status político do Tibete. A situação se complicou ainda mais após o exílio do 14º Dalai Lama, que estabeleceu seu governo em terras indianas em 1959, após uma tentativa frustrada de revolta contra o domínio chinês.
Exigência fundamental da China para retomar as negociações com Dalai Lama
Lin Jian foi claro ao afirmar que o Dalai Lama precisa revisar completamente suas posições políticas antes de qualquer possibilidade de reabertura de diálogo. O porta-voz expressou que as ações e as declarações passadas do Dalai Lama, que a China considera separatistas, são o principal obstáculo para avançar nas discussões.
A disputa entre o Tibete e a China é antiga, remontando a ocupação chinesa na década de 1950. Desde então, a questão tibetana tem sido motivo de tensão no cenário geopolítico internacional. A instabilidade intensificou-se em 1959, quando o Tibete, liderado pelo Dalai Lama, levantou-se em uma revolta mal-sucedida, culminando no exílio do líder espiritual.
HHDL with a group of Dalai Lama Fellows at the end of their two day meeting on “Compassion in Action: A Conversation about Leadership” at his residence in Dharamsala, HP, India on March 21, 2024. Photo by Ven Tenzin Jamphel pic.twitter.com/3ODUxI2k6j
— Dalai Lama (@DalaiLama) March 21, 2024
O governo chinês não reconhece a autoridade política do governo tibetano no exílio e o considera uma violação da sua constituição. Por outro lado, o Dalai Lama, agora com 88 anos de idade, continua sendo uma figura de profunda reverência para o povo tibetano e para muitos ao redor do mundo, reiterando não buscar a independência, mas sim maior autonomia para seu povo.
Pressão internacional sobre a China
Recentemente, a política exterior dos Estados Unidos em relação ao Tibete ganhou novo destaque. Legisladores americanos foram ao ponto de se encontrar com o Dalai Lama na Índia, promovendo uma medida que pressiona a China a negociar de forma pacífica e consensual. Esse projeto de lei tem causado desconforto em Pequim, que alertou os Estados Unidos a respeitarem os interesses centrais chineses e a sensibilidade das questões relacionadas ao Tibete.
Esta série de eventos reforça o embate diplomático entre as nações envolvidas. Enquanto o mundo observa, a tensão persiste sem sinais de resolução iminente. A capacidade da China de dialogar com o Dalai Lama sem exigências prévias poderia representar um primeiro passo significativo para diminuir as desconfianças e talvez conduzir a uma solução pacífica para essa disputa de décadas.
* Sob supervisão de Lilian Coelho