Conheça a extinta cidade murada de Kowloon em Hong Kong

Kowloon – Créditos: depositphotos.com / Baiterek_Media

A cidade murada de Kowloon foi um dos lugares mais singulares na história de Hong Kong, lembrada por sua enorme densidade populacional e seu caráter de enclave em meio ao território controlado pelos britânicos. Nos últimos anos de sua existência, essa área abrigava dezenas de milhares de pessoas em apenas 2,7 hectares de terreno, criando uma comunidade única que refletia tanto a cooperação quanto a marginalidade.

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Desaparecida há três décadas, Kowloon deixou memórias marcantes em seus antigos residentes, que ainda se recordam com saudade de seu espírito de comunidade, apesar dos desafios e perigos que enfrentaram dentro de seus confins superpovoados. A cidade, que misturava elementos de anarquia com surpreendente resiliência social, representa um capítulo fascinante na história urbanística global.

O Desenvolvimento de um Território Não Governado

Kowloon – Créditos: depositphotos.com / benches,

A origem de Kowloon remonta à dinastia Song, e sua história complexa se desenvolveu ao longo dos séculos. No entanto, foi durante o domínio britânico, após o Tratado de Nankin, que a cidade murada começou a ganhar a forma que a tornou famosa. Enquanto o resto de Hong Kong era administrado pelos britânicos, Kowloon permanecia, nominalmente, sob o controle da China, criando um vazio legal que permitiu sua transformação em uma área sem lei.

Com o final da Segunda Guerra Mundial, Kowloon experimentou um crescimento acentuado na população, que passou de 17 mil para 50 mil habitantes até os anos 1980. Sem espaço para se expandir horizontalmente, a cidade crescia verticalmente, com edifícios de até 14 andares empilhados uns sobre os outros, tornando-se o lugar de maior densidade populacional do mundo.

Como Era a Vida na Cidade Murada?

Dentro de Kowloon, a ausência de controle governamental permitia a proliferação de atividades ilegais que conviviam com serviços básicos oferecidos por comerciantes autodidatas. Assim, o local era conhecido por práticas que incluíam desde a fabricação de produtos alimentícios não regulamentados até consultórios de dentistas clandestinos, todos operando na completa ausência de fiscalização.

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Apesar de sua reputação de criminalidade, a cidade murada de Kowloon fomentou um forte senso de comunidade entre seus habitantes. As famílias viviam em proximidade extrema, e o compartilhamento de alimentos e ajuda entre vizinhos era comum. Esse espírito comunitário é um dos aspectos mais valorizados por aqueles que ali viveram.

Kowloon – Créditos: depositphotos.com / arnaudmartinez

Por Que a Cidade Murada Foi Demolida?

No final dos anos 1980, os governos da China e do Reino Unido concordaram que Kowloon deveria ser demolida, especialmente em vista da iminente transição de soberania de Hong Kong de volta à China, programada para 1997. Muitos habitantes sentiram-se aliviados ao saberem que deixariam pra trás um ambiente que, embora comunitário, era repleto de dificuldades.

A demolição da cidade murada começou em 1993, e o local foi transformado em um parque público, o atual Parque Kowloon, que serve como um memorial ao passado vibrante da região. Para muitos, mesmo após a destruição física da cidade, Kowloon permanece viva na memória e no coração de quem ali fez sua vida.

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O Legado de Kowloon Continua Vivo?

Hoje, Kowloon é lembrada não apenas como um fenômeno urbanístico, mas como um símbolo de resiliência humana diante de condições adversas. Antigos moradores, como Albert Ng, frequentemente sonham com os dias na cidade murada, lembrando-se com carinho dos laços sociais formados. Enquanto o local hoje oferece tranquilidade como um parque, seu passado tumultuado e único continua a fascinar e inspirar histórias e estudos sobre o que pode ser alcançado mesmo nas circunstâncias mais caóticas.

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