O conflito entre o grupo Hamas e Israel segue com inúmeros mortos e feridos no segundo dia. Após o ataque surpresa do grupo no último sábado, 7, Israel declarou estado de guerra.
Uma das pessoas que presenciou o ataque inicial é o brasileiro Rafael Birman, que se encontrava em um festival de música localizado próximo a Faixa de Gaza. “Chegamos por volta das 2 horas, 3 horas da manhã. Por volta das 6h, ouvimos as primeiras explosões. A produção rapidamente parou a música e as pessoas começaram a correr buscando o abrigo”, disse ele.
Durante entrevista à GloboNews, ele contou que viu ‘corpos pela rua’. Felizmente, Rafael conseguiu deixar o local durante os ataques com mísseis, entretanto, ele relata um nível alto de ansiedade.
“Estou tendo um nível de ansiedade muito alto, a memória de ser alvejado no carro é muito ruim”, afirmou ele. Rafael e amigos deixaram o local quando escutaram os estrondos iniciais.
“Peguei o carro e comecei a desviar da linha de saída do estacionamento, tinha uma barreira policial para o norte, já havia alguns carros que tinham conseguido passar para o norte”, relembrou ele. “Um carro totalmente destruído na direção oposta.”
Além dos mísseis
Foi através dos alertas de uma mulher, que estava ferida, que ele entendeu que existia algo além dos lançamentos dos mísseis.
“Vimos uma menina gritando ‘terrorista, terrorista’, falando para as pessoas irem em direção ao sul. Ela estava ensanguentada, nesse momento as pessoas começaram a entender que era algo além dos mísseis e que algo mais grave estava acontecendo”, afirmou ele.
Ao tentar deixar o local, o carro foi alvo de balas, no entanto, eles encontraram autoridades da defesa israelense.
“Tinha uma estradinha paralela. Nessa rua paralela começamos a ser baleados, a janela traseira explodiu, entendemos que estávamos sendo baleados por terroristas. Um jeep da Defesa israelense da fronteira chegou para nos proteger. Saímos do carro, deitamos no chão, abaixamos a cabeça, rezando. Os militares começaram a abrir fogo contra os terroristas”, destacou Rafael.
Por não saber se conseguiria escapar da situação com vida, Birman enviou um áudio para a mãe.
“Mandei áudio para minha mãe falando que achava que não ia sair dessa situação. Falei que amava ela. Achei que não teria uma solução”, enfatizou Rafael, que também se deparou com um míssil. “Olhei para o lado e vi um míssil que foi lançado na gente, mas erraram.”
Em seguida, eles conseguiram abrigo em um bunker. No local, eles estiveram abrigados por aproximadamente 40 minutos, enquanto os tiros não cessavam.
“Já tinham uns 10, 15 israelenses lá dentro. Fomos para trás do bunker. Vi corpos na rua, carros baleados, começamos a ter uma noção que algo maior estava acontecendo. Ficamos 40 minutos no bunker enquanto o tiroteio não parava. Achamos abrigo numa cidade vizinha e conseguimos ficar lá por 5 horas até voltar para Tel Aviv”, explicou o jovem.
Corpos nas ruas
Rafael descreveu uma cena apocalíptica, com corpos nas ruas e carros incendiados. “(…) Na volta para Tel Aviv, na estrada, uma cena apocalíptica, corpos pelas ruas, corpos baleados, carros baleados pegando fogo. Algo que você nunca espera ver na vida”, afirmou ele.
Enquanto muitos internautas questionam o motivo que levaria pessoas a participarem de um festival próximo à turbulenta região da Faixa de Gaza, Rafael revela que os pagantes só souberam da localização uma hora antes do festival ser iniciado.
“Foi uma festa planejada por muitos meses, mas só liberam [o dado] do local 1 hora antes do evento, as pessoas não sabiam que seria tão próximo de Gaza. Não me senti confortável com essa informação, mas como já tinha planejado, decidimos ir”, explicou ele.