estresse pós-traumático

“Ele saiu de Gaza, mas Gaza não saiu dele”: soldados israelenses relatam traumas da guerra

Eliran Mizrahi foi chamado às pressas para servir na Faixa de Gaza, logo após o violento ataque conduzido pelo Hamas contra Israel.
Soldados israelenses em um veículo blindado de transporte de pessoal seguem em direção à fronteira sul com a Faixa de Gaza em 8 de outubro de 2023 em Sderot, Israel – Crédito: Getty Images

Eliran Mizrahi, um israelense de 40 anos e pai de quatro filhos, foi chamado às pressas para servir na Faixa de Gaza, logo após o violento ataque conduzido pelo Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro de 2023.

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Reservista das forças militares israelenses, Mizrahi voltou para casa profundamente abalado pelo que viu durante o confronto com o Hamas. Segundo sua família, ele passou a sofrer de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), meses após o fim de sua participação na guerra. Eventualmente, ele tirou a própria vida.

Ele saiu de Gaza, mas Gaza não saiu dele. E ele morreu depois disso, por causa do pós-trauma“, relatou Jenny Mizrahi, sua mãe, à CNN.

O Exército de Israel afirmou que está oferecendo apoio psicológico a milhares de soldados que foram afetados mentalmente pelos traumas do conflito. No entanto, o número exato de suicídios entre esses militares não foi revelado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI).

Desdobramentos do conflito em Gaza 

Desde que a guerra teve início, em resposta ao ataque do Hamas que deixou 1.200 mortos e mais de 250 reféns, o Ministério da Saúde de Gaza estima que o número de vítimas na região ultrapassou 42 mil, sendo a maioria mulheres e crianças, conforme apontado pela ONU. O conflito se prolongou, tornando-se o mais extenso desde a criação de Israel, em 1948, e se expandiu para outras frentes, como o Líbano.

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O medo de uma nova convocação preocupa muitos soldados. “Temos muito medo de ser convocados novamente para uma guerra no Líbano”, declarou um médico das FDI, que serviu em Gaza por quatro meses. Ele optou por manter sua identidade em sigilo, devido à sensibilidade da situação. “Muitos de nós não confiamos no governo agora“.

O acesso à Faixa de Gaza para jornalistas estrangeiros tem sido restrito pelas autoridades israelenses, exceto quando acompanhados pelas FDI, o que dificulta a captação completa do sofrimento da população palestina e dos próprios soldados. Aqueles que lutaram no local relatam cenas de terror que, segundo eles, são incompreensíveis para o restante do mundo.

Esses depoimentos revelam um vislumbre da dura realidade da guerra, criticada como a “guerra eterna” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O impacto psicológico nos militares envolvidos é visível, mas ainda permanece, em grande parte, fora dos holofotes, em razão do estigma que envolve transtornos mentais na sociedade israelense.

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Muitos soldados veem o combate em Gaza como uma luta pela sobrevivência de Israel, e acreditam que ele deve ser vencido a qualquer custo. No entanto, o desgaste mental sofrido por esses combatentes, evidenciado em entrevistas com soldados, médicos e a família de Mizrahi, revela um lado menos visível do conflito, mas igualmente devastador para a sociedade israelense.

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